Puka Nacua e Zay Flowers são os recebedores calouros de destaque

by João Gabriel Gelli

Somente duas semanas da temporada se passaram e já temos recordes sendo quebrados por recebedores calouros. A classe de WRs no último ano não era vista como um grupo de elite como foi o caso de 2021. Contudo, era um conjunto sólido, com peças capazes de produzir como complementos de ataques aéreos.

Após este primeiro par de rodadas da NFL em 2023, dois WRs já se destacaram acima do resto da classe. Zay Flowers (Ravens) e Puka Nacua (Rams) têm sido peças muito relevantes de seus ataques. O primeiro saiu na escolha 23 no Draft, então certamente existia bastante expectativa, mas o segundo definitivamente tem sido uma grande surpresa.

Vamos então analisar seus desempenhos até aqui e também passar por alguns outros destaques da classe de recebedores.

Puka Nacua (Los Angeles Rams)

Volta e meia algum calouro desconhecido faz um grande jogo. De vez em quando é até um recebedor. Contudo, na maior parte das vezes, esta sequência para em apenas uma partida. Se, em maio desse ano, alguém te falasse que Puka Nacua seria um dos principais recebedores de toda a NFL após duas semanas, você perguntaria: “quem??”

Nacua tirou máximo proveito da oportunidade gerada pela lesão de Cooper Kupp. Caso ele estivesse saudável, Puka certamente perderia snaps e obviamente não seria o ponto focal do ataque aéreo dos Rams. Todavia, o cenário se apresentou e o calouro abraçou a chance que teve.

Escolhido na quinta rodada do Draft, ele foi um recruta de 4 estrelas que começou a carreira universitária em Washington e se transferiu para BYU em busca de espaço no ataque. Destacava-se pelo bom tamanho, ótimo controle corporal e boas mãos. Também foi colocado em campo aberto com frequência, mostrando competitividade, mas com atleticismo limitado. Além disso, tinha algumas dificuldades nas rotas e para gerar separação.

Foi neste cenário que chegou na NFL, precisando brigar por espaço em um elenco que passa por um momento de transição. Nacua soube utilizar as chances que apareceram e se destacou nos treinos. Isto culminou em um papel ofensivo que era esperado para a temporada. O que ninguém esperava era que fosse acontecer o que aconteceu.

Depois de duas semanas, Puka é o líder en targets (33), recepções (25) e o segundo em jardas (266) em toda a liga. Ele também foi o alvo de 39% dos passes de Matthew Stafford, a maior marca da temporada até aqui. Ele é o recordista da história da NFL em recepções após duas partidas.

Estes números mostram que não é apenas entre os calouros que ele tem se destacado. Mas como isto tem acontecido em campo?

Primeiramente, os passes em sua direção têm sido mais curtos, como é o caso de slants ou hitches. Isto se reflete em uma profundidade média de target (adot) de 7,9 jardas. A razão para tal provavelmente reside em aproveitar seu porte físico (altura e envergadura), com um bom uso do corpo para proteger a bola de defensores.

Também mostra bastante competitividade após a recepção. Este é um traço que já exibia no College e que é muito necessário quando é um alvo em passes mais curtos. Nacua não é dos mais ágeis nem rápidos, mas compensa com vontade, esforço e força de jogo. Assim, briga por jardas adicionais e lidera a NFL em jardas depois da recepção.

Também teve jogadas em que mostrou que aprendeu com erros, parou na hora certa para aproveitar espaços em zonas e explorou o meio do campo com boa química com Stafford. Todos estes fatores explicam porque ele ganhou a confiança de Sean McVay e do QB. Esta relação é muito bem ilustrada no fato de que Nacua é o terceiro colocado em first downs/touchdowns conquistados, sendo que tem tantas ou mais primeiras descidas (13) do que quase qualquer outro WR calouro possui de recepções no total. Somente Zay Flowers se iguala nesta comparação.

Por fim, é preciso notar que ele sofreu alguns drops e não parece gerar muitas jogadas explosivas. Caso consiga elevar o nível nestes dois quesitos, será o WR2 deste ataque sem dúvidas quando Cooper Kupp retornar. É uma história muito interessante de acompanhar e não acredito que irá parar por aqui.

Zay Flowers (Baltimore Ravens)

O outro recebedor calouro que merece bastante destaque é Flowers. Ele é o principal alvo de Lamar Jackson até agora, com 13 recepções em 15 targets para 140 jardas. O coordenador Todd Monken tem explorado muito a capacidade com a bola nas mãos, que era sua melhor característica na universidade.

Flowers é muito forte depois da recepção. Ele consegue encadear uma série de cortes que deixam defensores para trás e também ataca em direção a end zone com explosão. Isto faz com que seja usado em rotas curtas, screens e corridas como jet sweeps com bastante frequência, o que se reflete em um adot muito baixo (5,9 jardas).

Como é muito rápido e corre rotas de qualidade, Flowers ainda pode ser usado com ainda mais frequência em jogadas longas. Este potencial de esticar o campo esteve presente em uma das jogadas mais importantes da vitória de Baltimore contra os Bengals na semana 2. Ele vence a marcação em profundidade e conclui uma recepção difícil após um passe fantástico de Lamar Jackson.

A química entre o calouro e seu QB já parece estar bem desenvolvida e envolver o WR no plano de jogo tem sido um foco do ataque agora. Com isso, é difícil acreditar que o desempenho de Flowers irá diminuir de forma relevante no restante da temporada.

As outras escolhas de primeira rodada

Jaxon Smith-Njigba (Seahawks) – A menor profundidade média de target da liga entre todos os recebedores com pelo menos 10 passes lançados em sua direção até agora. Tem sido usado de forma conservadora e pouco fez com as oportunidades que teve.

Quentin Johnston (Chargers) – Pouco apareceu, com 3 recepções para 16 jardas. É o quarto WR do time e ainda tem TEs e RBs em sua frente na briga por passes.

Jordan Addison (Vikings) – Poderia estar entre os destaques positivos aqui. Anotou um touchdown em cada jogo e soma 133 jardas como um alvo em profundidade importante para Minnesota. Tem o maior adot da NFL empatado com Darius Slayton.

Outros destaques

Jayden Reed (Packers) – Começo sólido, com desempenhos consistentes e 2 touchdowns.

Marvin Mims (Broncos) – Teve duas recepções enormes, inclusive uma para TD contra Washington na semana 2.

Tank Dell (Texans) – Parece ter uma química boa se desenvolvendo com CJ Stroud e é um alvo de confiança para o QB.

Kayshon Boutte (Patriots) – Destaque negativo. Teve duas grandes chances de fazer jogadas importantes na estreia e em ambas falhou em colocar o segundo pé no campo. Ficou inativo na semana 2.

Jonathan Mingo (Panthers) – Tem sido um alvo bastante ineficiente para um QB calouro que precisa de ajuda.

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