Paciência leva os Ravens a um grande Draft em 2022

by João Gabriel Gelli

Como falamos anteriormente, os Ravens e seu GM Eric DeCosta entraram no Draft de 2022 com uma missão importante. Era necessário aproveitar uma escolha alta e o grande volume de seleções para encontrar jogadores de impacto e abastecer o elenco com opções baratas tendo em vista a renovação de Lamar Jackson. O resultado foi uma classe muito forte e com grandes movimentos para a franquia, que adicionou ótimos valores em quase todas as escolhas que fez. Dessa forma, vamos analisar os principais pontos deste recrutamento a partir do ponto de vista de Baltimore.

As escolhas

  • #14 Kyle Hamilton, S, Notre Dame
  • #25 Tyler Linderbaum, iOL, Iowa
  • #45 David Ojabo, EDGE, Michigan
  • #76 Travis Jones. iDL, UConn
  • #110 Daniel Faalele, OT, Minnesota
  • #119 Jalyn Armour-Davis, CB, Alabama
  • #128 Charlie Kolar, TE, Iowa State
  • #130 Jordan Stout, P, Penn State
  • #139 Isaiah Likely, TE, Coastal Carolina
  • #141 Damarion Williams, CB, Houston
  • #196 Tyler Badie, RB, Missouri

Paciência

Os Ravens entraram no primeiro dia do processo com 10 escolhas no total, sendo 5 delas na quarta rodada. Isto fazia com que o time fosse sempre colocado como um dos principais candidatos a se movimentar, seja para cima ou para baixo. No entanto, a parte surpreendente foi que DeCosta tomou uma abordagem paciente e deixou o Draft se desenrolar. No fim das contas, foram 2 trocas, nas quais o time mandou uma escolha de terceira rodada e o WR Hollywood Brown para o Arizona Cardinals e recebeu uma primeira rodada e depois usou esta escolha para descer duas posições com o Bills e acumular mais uma seleção na quarta rodada.

Com esta abordagem, os Ravens saíram da primeira rodada com dois jogadores vistos como os melhores de suas posições nos últimos anos no Draft em Hamilton e Linderbaum. Quando se observa o restante das escolhas feitas por DeCosta, é possível perceber que ele priorizou buscar talento ao invés de forçar jogadores para atender necessidades. Mesmo assim conseguiu atacar algumas das fraquezas do elenco e fortalecer o grupo para temporada. Outra prova do sucesso do Draft de Baltimore está no fato de que o time perdeu valor em apenas duas escolhas (Williams e Stout) quando comparadas com o ranking consensual compilado pelo The Athletic. Dessa forma, o nível geral de talento do time aumentou, assim como boa parte de seus problemas foram reduzidos.

Versatilidade na secundária

Em sua primeira escolha neste Draft, DeCosta adicionou Hamilton. A posição de safety não era uma necessidade do time entrando no dia 1, mas o valor em escolher um dos melhores jogadores da classe era muito alto. Ele se juntará a Marcus Williams e Chuck Clark como parte de uma rotação com muito potencial. O novo coordenador defensivo Mike Macdonald terá jogadores versáteis e capazes de se encaixar em defesas modernas.

Enquanto Williams é ótimo patrulhando o fundo do campo, com grande capacidade de eliminar janelas com seu alcance e atuar em 2-high ou single high, Clark faz mais o estilo de um jogador que joga perto do box. Chuck também é uma das grandes lideranças da unidade e, nas duas últimas temporadas, foi o responsável por chamar as jogadas em campo.

Já Hamilton pode fazer de tudo um pouco e sua habilidade pode fazer com que seja usado como peça de xadrez que será movida por toda a formação. Não se espante se os três ocuparem o campo simultaneamente, Isto possibilitaria rotações pós-snap, diferentes combinações de coberturas e também alinhar Clark e, talvez, Hamilton como LB em formações mais leves.

Além disso, para um grupo de CBs que precisava de maior profundidade, foram adquiridos Armour-Davis e Williams na quarta rodada. Nenhum deles deve jogar uma quantidade elevada de snaps, mas provavelmente estarão em campo já como calouros. Isto tira a necessidade urgente de buscar um veterano para a posição, mas não impede DeCosta de buscar uma melhoria.

Profundidade na linha ofensiva

Um dos setores mais problemáticos para o ataque da equipe ao longo das últimas temporada foi a linha ofensiva. Muitas lesões e saídas deixaram a unidade instável, culminando em um péssimo ano em 2021. Por isso, DeCosta entrou nesta offseason com a missão de não apenas melhorar o grupo titular, mas também adicionar profundidade.

Parte desse objetivo foi atingido com a contratação de Morgan Moses como Free Agency. No entanto, o GM queria mais e fez questão de adicionar Linderbaum para estabilizar a posição de center e Faalele como um projeto a ser desenvolvido com calma para o futuro na posição de OT. Dessa forma, o time ganhou opções tanto para competições e aumentou seu nível de talento.

Linderbaum chega já como titular para a semana 1. Seu arsenal técnico é ótimo, seja em corridas ou em passes. É um jogador muito móvel e inteligente, que será capaz de auxiliar nas leituras e ainda terá uma presença veterana em Kevin Zeitler para ajudar na adaptação para a liga. Por outro lado, chama a atenção o fato de que suas dimensões físicas são abaixo das desejadas e que seu encaixe com o sistema de Greg Roman não é perfeito. Seu forte era bloquear em sistemas de zona, enquanto os Ravens utilizam majoritariamente gap, o que pode indicar alguns ajustes ofensivos em 2022.

Enquanto isso, Faalele foi muito comparado com Orlando Brown Jr ao longo do processo por conta do tamanho. Por isso, era um prospecto constantemente associado aos Ravens. Com Morgan Moses, Patrick Mekari e Ja’Wuan James acima dele por uma vaga no time titular, provavelmente terá tempo e tranquilidade para fazer os ajustes físicos e técnicos necessários antes de entrar em campo.

Aposta para elevar o teto do pass rush

Na segunda rodada parecia quase que uma certeza que DeCosta se movimentaria. Todavia, mais uma vez, a situação perfeita caiu em seu colo. O time precisava urgentemente de um pass rusher, já que apenas Odafe Oweh e Tyus Bowser tinham experiência relevante e bem-sucedida na NFL e o segundo ainda deve perder o começo da temporada por conta de uma lesão.

Assim, quando David Ojabo estava disponível na 45, a escolha era fácil. O jogador explodiu justamente em 2021 quando Macdonald foi seu coordenador defensivo em Michigan. Contudo, terá que se recuperar da ruptura no tendão de Aquiles sofrida no Pro Day e que fará com que perca boa parte da temporada regular. Esta é uma aposta em uma opção amplamente considerada pelos Ravens na 14 antes da lesão e que provavelmente terá grande impacto no futuro, mas seu retorno imediato pode ser reduzido.

Ainda existe trabalho a ser feito

Apesar de ser um Draft muito forte, isto não quer dizer que o time não tem buracos. A troca de Hollywood Brown abriu um vácuo no grupo de WRs, que provavelmente será ocupado por algum dos veteranos disponíveis na Free Agency.

Embora tenha sido uma das posições atacadas com uma escolha premium, a rotação de pass rushers ainda precisa de ajuda. O provável é a adição de um ou dois jogadores que poderão compor o elenco e entrar em campo, sobretudo no começo da temporada.

Por fim, a já citada profundidade do grupo de CBs também deve ser analisada. Existem muitas opções que não se provaram ainda e brigarão por poucas vagas. Talvez trazer uma opção experiente seja prudente para um time que sofreu com lesões no setor nos últimos anos.

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