No segundo post desta série sobre o Salary Cap, começamos a discutir os principais mecanismos associados a estes contratos, como cortes e trocas. Para dar continuidade a este tema, nesta terceira parte abordaremos como funcionam as reestruturações e extensões contratuais, além do que são os void years.
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VÍDEO: Explicando o salary cap
Reestruturações
Outra forma de abrir espaço salarial é reestruturando um contrato. Uma reestruturação nada mais é do que a conversão de salário base em signing bonus. Dessa forma, o time diminui o salário base do jogador naquela temporada e existe o rateio do bônus pelos anos restantes do contrato.
As reestruturações mais básicas fazem esta operação e são unilaterais, dependendo apenas da vontade da franquia de realizar o movimento. Do ponto de vista do jogador, pouco muda, uma vez que ele receberá o mesmo valor.
Estas reestruturações podem ser mais leves, agressivas ou super agressivas. Isto depende do quanto de dinheiro o time está disposto a empurrar para o futuro em termos contábeis.
Uma leve pega apenas um pedaço do salário base para converter em signing bonus. Isto normalmente acontece quando a necessidade por espaço salarial é pequena e o time não deseja impactar seu futuro contábil. Já uma reestruturação agressiva utiliza o máximo possível do salário base para converter em bônus. Isto quer dizer que o salário base restante é o mínimo permitido pelo CBA.
No exemplo abaixo, utilizaremos o contrato que tivemos como exemplo desde o início. Neste cenário, o time está no ano 4 do vínculo e deseja abrir espaço na folha salarial, mas sem cortar o jogador.
Antes da reestruturação o salário base para a temporada é de US$ 4 milhões. Vamos supor que o salário mínimo é de US$ 1 milhão. Dessa forma, o time pode converter no máximo US$ 3 milhões deste salário base em signing bonus.
Em uma reestruturação básica, a equipe poderia querer converter somente US$ 2 milhões em bônus. Neste caso, o salário base do ano 4 cairia de US$ 4 milhões para US$ 2 milhões. Além disso, este signing bonus de US$ 2 milhões seria diluído igualmente em parcelas de US$ 1 milhão em cada um dos dois anos restantes do contrato.
Assim, o cap hit do ano 4 cai de US$ 5 milhões para US$ 4 milhões, gerando um alívio de US$ 1 milhão na folha do ano 4. Entretanto, o cap hit do ano 5 sobe de US$ 6 milhões para US$ 7 milhões.
Em uma reestruturação agressiva, o máximo de US$ 3 milhões seria convertido em signing bonus. Isto resultaria em uma redução de US$ 4 milhões para US$ 1 milhão do salário base no ano 4. Além disso, este bônus de US$ 3 milhões seria rateado em parcelas de US$ 1,5 milhão nos dois anos restantes do contrato.
Com isso, o cap hit do ano 4 sairia de US$ 5 milhões para US$ 3,5 milhões, o que salva US$ 1,5 milhão na folha do ano 4. Por outro lado, o cap hit do ano 5 sobe de US$ 6 milhões para US$ 7,5 milhões.
Por fim, caso o time queira abrir o máximo possível de espaço na folha no ano atual, existe a hipótese super agressiva, que envolve a inclusão dos chamados void years no contrato.