Os problemas dos Ravens na posição de wide receiver podem ser sanados no Draft

by João Cavasani

Historicamente, o Baltimore Ravens ficou conhecido por suas conquistas apoiadas sobre defesas dominantes e com jogadores de grande calibre. Todavia, muito desse enfoque na construção de poderosas unidades defensivas gerou a grave protelação do ataque, instaurando uma anemia ofensiva no sangue da equipe.

Dentre todas as posições do ataque, a de wide receiver é indiscutivelmente a de pior gestão durante na história do time. O período de Ozzie Newsome no cargo de GM ficará marcado pela ineficiência na escolha de jogadores para a posição: apenas três recebedores selecionados na primeira rodada, que somados possuem 6450 jardas e 30 TDs em 124 jogos. Busts. A única vez que o time possuiu um recebedor com mais de 1000 jardas em temporadas consecutivas foi no período de 2007-2009 com Derrick Mason, que chegou a franquia pela free agency. Além disso, apenas um wide receiver draftado por Ozzie atingiu as 1000 jardas: Torrey Smith, em 2013 (e apenas nesta temporada).

Como medida de contenção, o time buscou inúmeros tampões para a posição: nas últimas três temporadas nomes como Steve Smith Sr (no apogeu da carreira), Mike Wallace, Jeremy Maclin, Michael Crabtree e John Brown estiveram no elenco e tiveram baixíssima efetividade. Em 2018, Michael Crabtree rendeu muito pouco, sofrendo com um elevado número de drops não sendo nem sombra do esperado de um WR1. Smookey Brown teve um grande início de temporada, mas caiu de produção com a mudança do sistema ofensivo dos Ravens para um jogo prioritariamente terrestre, sendo pouco explorado em profundidade por Lamar Jackson.

As primeiras movimentações do novo GM Eric DeCosta foram um tanto quanto decepcionantes: excetuando o corte de Crabtree para aliviar o teto salarial não houve nenhum movimento na posição. Pelo contrário, esta primeira free agency de DeCosta ficará marcada pela falta de agressividade na renovação de John Brown e na busca de outros jogadores que poderiam agregar a unidade ofensiva.

Atualmente o time possui apenas três wide receiver em seu roster: Willie Snead IV, Chris Moore e Jordan Lasley. O primeiro ganhou um bom volume de targets após a mudança de quarterbacks sendo explorado em bolas curtas, mas tende a ter uma baixa efetividade por jogar alinhado no slot. O segundo participa majoritariamente do time de especialistas ou como retornador. Já Lasley nunca jogou nenhum snap no time. A situação do corpo de recebedores é crítica e pode influenciar diretamente na curva de evolução de Lamar: o segundo anista precisa de armas que ajudem seu desenvolvimento e que lhe tragam confiança para passes de maior complexidade.

A última carta na manga de Baltimore é o draft: o time precisa ser agressivo no processo e direcionar suas forças para selecionar jogadores que elevem o patamar da unidade ofensiva imediatamente. Com o novo coordenador ofensivo Greg Roman é esperado a solidificação do jogo terrestre da equipe, como em seus anos áureos no San Francisco 49ers. É esperado ver a adição de situações de run pass option, além de um maior uso do play action explorando a forte ameaça do jogo corrido.

Na primeira rodada, N’Keal Harry é o nome perfeito para os Ravens: o produto de Arizona State possui um bom tamanho, é inteligente tendo bom entendimento do jogo e noção de campo, mão seguras e dominância em bolas contestadas além de uma grande desenvoltura nas jardas após a recepção, o que pode ser utilizado em screens e passes rápidos. Precisa ainda de lapidação quanto a seu release e teve uma limitada árvore de rotas no College, mas é um nome de peso e que pode dominar a posição em Baltimore.

Já no segundo dia Baltimore não possui escolha de segunda rodada que foi envolvida na troca com o Philadelphia Eagles que resultou na seleção de Lamar Jackson em 2018, tendo apenas duas escolhas de final de terceira rodada. Neste range, dois nomes me saltam os olhos: Antoine Wesley, de Texas Tech e Anthony Johnson, de Buffalo.
O primeiro é um jogador grande, forte, com ótima impulsão e que colabora com bons bloqueios, além de possuir boas mãos podendo ser um ótimo alvo na red zone ou em bolas de segurança, mas que carece de lapidação contra a pressão.

Já o segundo possui bom release contra pressão e mãos sólidas, consegue desenvolver bem suas rotas e adquirir jardas após recepção, mas carece de trabalho quanto a localização de campo, entendimento do jogo e melhorar seu posicionamento para estender as janelas de passe, facilitando a vida do quarterback.

Para dissolver a ideia de um time que se trata apenas de uma defesa de elite e de um ataque que tenta apenas não atrapalhar, o Baltimore Ravens precisa fazer um Draft cirúrgico. Boas escolhas resultarão não só em um ataque mais prolífico, mas também colaborarão a assegurar o pleno desenvolvimento de Lamar Jackson como um passador de boa qualidade, corroborando o investimento feito no ganhador do Heisman de 2016 fazendo com que os Ravens alcem voos mais altos.

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