Felipe Vieira
Felipe Vieira
Editor-chefe do Panthers Brasil, editor de vídeo do Draft Breakdown e ex-aluno do Scouting Academy. Apaixonado por scouting, tem o dia do Draft como o melhor dia do ano. Twitter: @lipevieira
Recruta 5 estrelas pela 247sports, Scout e ranqueado em 65º nacionalmente pela Rivals, Burns possui 6’5″(1,95m) e 231 lbs(104 kg), joga por Florida State e é um Junior. Burns já possui 23 tackles for loss, 13 sacks e quatro fumbles forçados nas suas duas temporadas no universitário. É esperado que Burns seja um dos grandes nomes de pass rushers na classe de 2019.
Com a saída de Josh Sweat para os profissionais, Burns se torna o principal pass rusher dos Seminoles na temporada. Inclusive, a comparação com Sweat chegou a ser óbvia na temporada passada. Ambos jogadores possuem estilo de jogo muito parecidos a começar pela sua explosão na saída da linha de scrimmage.
No High School, como pode ser visto na foto acima, Burns pesava ao redor de 210 lbs (94,5kg) e na temporada passada já conseguiu subir o seu peso em aproximadamente 10kg e apesar do bom ganho, Burns ainda precisa ganhar mais massa magra evidenciado pelo seu tape. Segundo informações de setoristas dos Seminoles, Burns já aumentou alguns quilos em relação à temporada passada o que será uma ótima notícia para o seu draft stock pois vê-lo jogando com o peso ideal e não ter que projetar isso é sempre melhor.
Mesmo sendo talvez o prospecto mais interessante de FSU para o Draft que vem, Burns possui alguns erros muito claros que veremos nas jogadas que separei. O primeiro é o seu uso das mãos contra o jogo corrido. Na primeira jogada, Burns está alinhado contra o tight end e até parece num primeiro momento que ele está com o controle da situação, mas o TE faz um bom trabalho no momento que Burns tenta sair do bloqueio invertendo a posição das mãos o que faz com que Burns não consiga ficar com o braço de dentro livre para sequer dar um arm-tackle e o running back passa ao seu lado sem ser encostado.
A próxima jogada não é no seu gap, mas se fosse o resultado seria o mesmo. Após o primeiro contato com o right tackle, Burns se desequilibra e ficou totalmente exposto a tomar um pancake do adversário que por algum motivo não finalizou a jogada.
Agora em outro jogo para ver se não foi problema de um jogo só. Alinhado contra o left tackle, Burns até sai bem da linha de scrimmage e com um bom leverage mas é virado para longe da jogada após ser controlado por causa do seu posicionamento das mãos.
Em uma jogada de passe também é possível ver pontos a trabalhar no seu uso das mãos, note abaixo como Burns consegue liberar o seu braço direito mas o esquerdo não e acha que só o direito foi o suficiente. No momento que o seu braço direito ficou livre ele deveria ter utilizado ele para ajudar a tirar a pegada do esquerdo, até porque o adversário já estava quase batido com o quadril apontado em direção a sideline mas consegue se recuperar porque manteve um braço preso o tempo todo.
Uma outra jogada mais bem feita agora mas que faltou finalizar, Burns exibe a sua explosão saindo da linha de scrimmage e tendo o primeiro contato com o bloqueador de maneira firme e agressiva. Porém novamente faltou utilizar melhor a sua mão direita para gerar mais força no bull rush e empurrar o offensive tackle contra o quarterback e no momento que o QB consegue sair de lá, Burns fica batido pois com o seu braço direito levantado ele perdeu a posição das mãos para conseguir fazer o shedding block. Precisa finalizar a jogada!
Partindo para o lado positivo de Burns, a sua explosão, a habilidade de abaixar o ombro e contornar o arco é o que faz dele um jogador especial. Outra coisa interessante é que o seu trabalho de mãos para evitar que o adversário encoste nele é muito bom.
Ele também possui movimentos de pass rush no seu repertório que são importantes para não ser um jogador de apenas uma forma de ataque. Spin move nasty!
Burns consegue estressar verticalmente o offensive tackle no seu primeiro passo. Note como o segundo passo do bloqueador já é de desespero tentando se recuperar cruzando as pernas.
Novamente mostrando o seu burst e escondendo o ombro para que o bloqueador não tenha superfície para bater.
Porém na mesma jogada é possível ver um defeito que Burns precisa consertar para essa temporada que é o seu passo em falso na saída.
Exemplo número 2:
Exemplo número 3:
Outra qualidade de Brian Burns é a sua inteligência de jogo ao levantar os braços no momento que ele percebe que não há mais a chance de chegar no passador. No ano passado foram 4 passes desviados dessa forma.
Burns também alinha como Joker na defesa de FSU o que o colocará na board de muitos times e faz um trabalho bem decente.
Ele será um nome bem parecido com o Josh Sweat, seu companheiro de FSU mas com menos bandeiras vermelhas no processo por não ter tido tanta lesão quanto. É importante que ele corrija seu passo em falso, melhore seu uso das mãos no jogo terrestre e seu shedding block pois o restante de Burns é bom o suficiente para o colocar na conversa de primeira rodada.
Queria começar o texto falando que Baker Mayfield não entrará nesse post pois a sua perfomance merece um texto à parte que o Deivis Chiodini está preparando sobre ele. Dito isso, vamos aos jogadores novatos que impressionaram e que decepcionaram na noite de quinta-feira.
Vencedores
Shaquem Griffin – Seattle Seahawks
Como é bom ver Shaquem Griffin na NFL. Melhor ainda é vê-lo produzindo na NFL. Foram quatro tackles em quatro snaps no primeiro drive! Finalizou o jogo com nove tackles totais. Jogo extremamente produtivo para Griffin e ele mostra que podem contar com ele em campo desde o primeiro ano.
Richie James – San Francisco 49ers
Ahhh o meu menino cresceu e já está fazendo touchdown da vitória em San Francisco. James teve quatro recepções nas cinco bolas lançadas em sua direção e teve 46 jardas e 1 TD. Eu tenho certeza que ele foi uma escolha pedida por Shanahan porque ele se encaixa muito bem no sistema ofensivo. James além de brilhar nos jogos também vem fazendo o mesmo nos treinos. Sua vaga no roster já está basicamente garantida e para um jogador de sétima rodada, independente do talento que tenha esse deve ser o objetivo principal. A vaga no roster não é dada como acontece com jogadores draftados mais altos. Richie James Jr. certamente está fazendo por merecer.
DJ Moore – Carolina Panthers
Venho falando isso desde o Draft dos Panthers e ontem se confirmou. Os Panthers pela primeira vez na carreira do Cam Newton possui um grupo de recebedores talentoso e diversificado. Moore mostrou a sua grande qualidade que é gerar jardas após a recepção. Quando foi alvo de lançamentos os quarterbacks tiveram um passer rating de 118.8 e poderia ter sido maior caso Garrett Gilbert tivesse acertado um passe fácil quando Moore estava totalmente livre na sideline.
Harold Landry – Tennessee Titans
Landry mostrou em uma jogada tudo que falamos dele. Sua velocidade, explosão, flexão dos quadris e a capacidade de esconder o ombro do bloqueio do adversário. Tudo isso em uma jogada. É como se ele tivesse que ter sido escolhido 25 posições antes do que foi.
Harold Landry’s ability to plant his foot, turn the corner/bend is up there with the best pic.twitter.com/00xnfEC6ao
— Connor Rogers (@ConnorJRogers) August 10, 2018
Michael Gallup – Dallas Cowboys
Os recebedores lá em Dallas estão uma bagunça, mas os torcedores dos Cowboys tiveram uma esperança ao ver Michael Gallup fazer a recepção de 30 jardas para o touchdown. Tudo bem que o CB Jimmy Ward deu uma facilitada, mas ainda assim é muito importante para Dallas ver Gallup produzindo já na pré-temporada.
Perdedores
Nyheim Hines – Indianapolis Colts
Hines foi o retornador de punts e foi muito mal. Teve dois muffed punts e um fumble que acabou voltando depois da revisão da arbitragem. Terá que fazer mais se quiser se solidificar como RB2 dos Colts atrás de Marlon Mack.
Nick Chubb – Cleveland Browns
Chubb teve uma noite esquecível. Foram 15 carregadas para 11 jardas, isso não é nada bom. Parecia lento e hesitante em acertar os buracos, bem diferente do que vimos durante a temporada de 2017 em Georgia.
Derrius Guice – Washington Redskins
Guice teve um bom jogo mostrando todo o seu talento e dando esperanças para a torcida em uma ótima temporada, mas Guice rompeu o ligamento anterior cruzado e está fora da temporada. Pré-temporada, eu te odeio!
No Draft passado quatro linebackers foram escolhidos na primeira rodada contrariando o que vinha sendo dito por alguns que a posição estava perdendo importância na NFL. Para os ranking dessa temporada têm se falado muito de Devin Bush de Michigan ser mais um linebacker de primeira rodada para o Draft de 2019. O hype é explicável, Bush possui um ótimo atleticismo, joga em uma universidade grande e sua produção é alta. Foram 10 tackles for loss, 5.5 sacks, 7 passes desviados e 95 tackles na temporada passada.
Repare nas jogadas abaixo que ele mostra a sua velocidade e aceleração. Também conhecido como sideline-to-sideline. Não é uma velocidade que vai quebrar o Combine, mas será um número bem sólido.
Nessa fica mais evidente depois da trick play de Purdue, Bush está indo em direção ao RB quando de repente ele devolve a bola para o QB. Bush sai da hash oposta e chega muito próximo de fazer o tackle no adversário por trás, mostrando também que não desiste facilmente de jogadas e sua alta competitividade.
Bush também exibe uma qualidade importante para um linebacker que é sua capacidade de pass rush. Principalmente o seu timing na hora da blitz, seja no gap A, seja no gap B. Sua aceleração súbita também facilita bastante nesse quesito. Jogadas como a de baixo acontecem com frequência e embora na jogada o OL nem sequer percebeu a infiltração de Bush em alguns momentos apenas a velocidade já é o suficiente para ter sucesso.
Ele também consegue ir para as trincheiras e conseguir enxergar o ball carrier através do tráfego mantendo a cabeça erguida para ver o que está acontecendo e tomar a sua decisão através disso.
Seu atleticismo também lhe permite ser um bom linebacker na cobertura evidenciado pelos seus setes passes desviados na temporada passada. Suas mãos ainda precisam melhorar pois existiram momentos que ele poderia ter capitalizado em interceptação e acabou dropando. Abaixo, uma boa jogada que ele ficou colado com o Tight End e tirou toda a possibilidade do TE fazer a jogada.
Mas nem só de atleticismo vive um linebacker e é exatamente por isso que eu ainda não acho que ele valha uma escolha de primeira rodada. Pelo menos ainda não, pode ser que durante 2018 Devin Bush consiga dar o próximo passo que precisa para se tornar um linebacker melhor.
Seu grande problema é não ter o famoso feeling pela bola ou como os americanos chamam “nose for the football“. Bush mais frequente do que gostaríamos de ver um linebacker está desatento ao que acontece ao seu redor e deixa passar informações importantes. Com isso, ele não está constantemente perto de onde a jogada está acontecendo como por exemplo Devin White de LSU. Escrevi sobre White, clique aqui para ler.
Frequentemente cai em play action abrindo espaço para o passe em sua zona de cobertura dando a vantagem para o ataque. Sua agressividade de atacar o jogo corrido a todo momento o prejudica muito mais do que ajuda. Na jogada abaixo, além de cair no play action, Devin Bush se compromete totalmente com o running back e só percebe que ele não está com a bola no momento que o quarterback faz o movimento de lançamento da bola.
A próxima jogada que eu separei me causou uma pequena revolta interna com Bush. O quarterback faz o fake pro running back e o bootleg em seguida. Em nenhum momento da jogada Bush tenta fechar a lateral do campo que ficou exposta e fica com os olhos focados no running back que já estava basicamente fora da jogada para dar um pancake em seu adversário sem nenhuma necessidade.
belo pancake Devin Bush, mas que tal correr atrás do cara que tá com a bola? pic.twitter.com/eOkQgYO46y
— Felipe Vieira (@lipevieira) 7 de agosto de 2018
Para encerrar, a última jogada também evidencia a falta de experiência e a inocência de Bush. Purdue está com 11 personnel(1 RB e 1 TE) e a linha ofensiva toda faz o slide para a direita com o Tight End fazendo o bloqueio inicial e depois saindo pra rota cruzada. Devin Bush não percebe isso e acompanha o RB que está indo para o lado oposto, isso faz com que o TE fique totalmente livre e faça o touchdown. Erro completo de Bush.
O processamento mental de Bush ainda não é o suficiente para ser um jogador em outro nível na NFL, então esse deve ter sido o seu objetivo nessa intertemporada se realmente quiser ficar entre os melhores linebackers da classe. Potencial tem, mas jogadores que possuem mais potencial do que uma base para trabalhar geralmente são escolhidos mais no dia 3 e não no dia 1.
Quando um jogador anuncia a sua ida para o Draft antes mesmo de sua temporada de Junior começar é porque ele possui atenção suficiente da mídia para isso. Ed Oliver anunciou que estava indo para o draft de 2019 em Março de 2018.
Apesar do anúncio em hora inusitada, Oliver já era visto com um dos maiores nomes da próxima classe, sendo para alguns o número 1 da classe, dividindo esses louros com o Edge Rusher Nick Bosa. Aliás, leia nosso post sobre o Nick Bosa também.
Quando vemos a posição que joga Ed Oliver comparado com o seu tamanho e peso ficamos mais intrigados ainda. Oliver possui apenas 6’3″ e 290lbs segundo a listagem do site de Houston, mas é fácil olhar para Oliver no tape e ver que essa altura está bem generosa para ele, tendo entre uma e duas polegadas a menos do que a listagem. Com isso, seu tamanho ficaria mais próxima com a de Aaron Donald e seus 6’1″.
O que não fica abaixo do ideal para um prospecto certamente é seu atleticismo. Aliás, muito pelo contrário, seu atleticismo pode ser classificado de elite. Seu primeiro passo, explosão e mudança de direção são assustadoramente bons.
A defesa de Houston costuma jogar muito em Tite Front (imagem explicativa abaixo), o que força muitos double teams para que a defesa tenha um jogador extra no segundo ou terceiro nível. Então um jogador que já tem atenção suficiente para ser dobrado que joga em um sistema que naturalmente vai acontecer mais que em outros sistemas, certamente encontrará problemas para produzir, certo? Não quando esse jogador é Ed Oliver. Mesmo com todas essas questões, Oliver ainda produziu em alto nível. Na temporada passada, Oliver teve 22 tackles for loss e 5 sacks.
Uma outra qualidade que Oliver possui é a inteligência de jogo e perceber a cadência da contagem do snap do quarterback. No meio do jogo, ele já está adivinhando a contagem e saindo do chão no momento exato. Algumas vezes isso pode ser considerado um problema que ocasiona offsides contra quarterback mais experientes que mudam a cadência ao longo do jogo, mas por enquanto, Oliver não cometeu faltas que chamem a atenção por conta desse problema. Veja abaixo como essa combinação de adivinhar o snap e sua explosão são mortais.
o susto que o center deve ter tomado
“filho, acabei de tirar a mão da bola, q q vc já tá fazendo aqui?” pic.twitter.com/cDTDFAmp2e
— Felipe Vieira (@lipevieira) August 1, 2018
Ed Oliver é um gerador de jogadas de jardas negativas e com o seu primeiro passo explosivo e suas pernas que continuam gerando força ele consegue evitar o reach block na jogada abaixo. O jogador da linha ofensiva perde a referência a partir do momento que ele não consegue usar a sua mão direita de maneira útil e com a mão esquerda até segura Oliver por um instante(poderia ser marcado um holding), mas com a força gerada das suas pernas ele consegue fazer a penetração no backfield.
Apesar de sua grande explosão, não é só dessa forma que Oliver vence suas batalhas na trincheira. Seu arsenal é diversificado e consegue alterar a forma como ataca o seu adversário mesmo durante o seu pass rush. Repare na jogada abaixo como ele explode com violência e no primeiro momento tenta limpar o adversário com um rip move e a partir do momento que não consegue, ele muda a estratégia para um bull rush, junto com seu leverage baixo e sua força causa o desequilíbrio do guard e cai no chão abrindo o caminho livre para o quarterback que ao ver isso acontecendo tenta correr para ganhar jardas mas não consegue.
Na próxima jogada, South Florida tenta uma QB Power com o backside guard fazendo o pull para buscar o Sam, mas Oliver consegue empurrar o playside guard tanto que atrapalha o pull. Assim que Flowers (QB) toma a decisão de seguir o seu backside guard, Oliver faz o shed block com notória facilidade. Oliver não faz o tackle na jogada, mas se não fosse por ele, não teria sido uma jogada de jardas negativas. Além do mais, do momento do snap até o apito final da jogada, Oliver faz tudo com excelência. Jogada para mostrar como exemplo para os outros jogadores.
Pra encerrar, só queria falar mais do mesmo quanto a sua explosão e mostrar mais uma jogada dele. Aprecie!
Lá no começo do post eu falei que sua altura e peso lembravam o Aaron Donald e como vocês viram pelos vídeos não é apenas isso que é comparável com ele. Haverá questões assim como houve com Donald sobre seu tamanho, mas por esse caminho já ter sido trilhado por Aaron Donald será mais fácil pra ele. Ed Oliver deverá ser uma escolha top-5 no próximo draft.
David Montgomery está atualmente projetado para ser escolhido na primeira rodada em alguns mocks. Seria o primeiro jogador de Iowa State draftado na primeira rodada desde os anos 1970.
O jogador dos Cyclones alcançou a marca de 1146 jardas terrestres na temporada passada e ajudou a pavimentar um caminho para esse ano com muitos scouts de olho no running back de 220 lbs(99kg) e 5’11(1,78m) demonstra sua habilidade como corredor, no jogo aéreo e também protege bem o seu quarterback.
A sua inteligência de leitura do jogo, principalmente em ler blitzes e saber quem bloquear é fácil de se justificar. Montgomery foi quarterback no High School e foi movido para running back assim que chegou em Iowa State. A transição para RB é a mais fácil que tem, mas nem por isso não dá para valorizar a sua evolução como jogador e imaginar que ainda tem muito potencial de crescimento.
Ele começou a temporada como reserva mas naturalmente assumiu o posto de titular no final da temporada. Um ano depois e Montgomery já estava sendo classificado como um dos melhores RBs da nação. Uma de suas qualidades ficou evidente ao assistir os jogos: sua capacidade de fazer os defensores errarem o tackle. Foram 109 tackles errados que ele forçou, o maior número entre os running backs.
“Existe muito pra eu melhorar,” disse Montgomery. “Fazer a transição de QB para RB me ajudou bastante, eu consigo proteger o quarterback melhor. Existem jogadores chaves e leituras para seguir. Eu consigo reconhecer as coisas melhor.”
Na primeira jogada que separei, Montgomery mostra o seu valor no jogo aéreo em uma screen. Considero essa jogada a síntese do que ele é hoje como jogador. Ao ver o resultado, ficamos crentes a acreditar que foi uma ótima jogada e como ele foi bem improvisando, o que não deixa de ser verdade, porém, a sua decisão é questionável. Em uma terceira descida faltando 1 jarda para converter com o seu time atrás 14 pontos no segundo período. Se o jogador adversário #91 conseguisse derrubá-lo, o que era mais provável de se acontecer, Iowa State teria que dar o punt. A decisão mais prudente e sábia seria abaixar o capacete, enfrentar o contato e ganhar a jarda que faltava na marra e nem parecia que seria uma tarefa difícil. Por outro lado, não podemos deixar de exaltar a sua capacidade de fazer errar ângulos dos tackles adversários mostrando boa mudança e senso de direção após o spin.
Na próxima jogada, ele tenta repetir a mesma coisa que funcionou na jogada de cima, porém, dessa vez não dá certo. Ao conseguir escapar do primeiro adversário, Montgomery tinha a oportunidade de converter a primeira descida correndo pelo meio, mas novamente ele quis driblar mais um e acabou sendo tackleado antes de converter. Na NFL, será mais provável acontecer isso do que o que aconteceu na primeira jogada. Os jogadores lá são mais rápidos, mais físicos e mais inteligentes. Ainda precisa aprender que precisa aceitar o que a defesa está te dando e não querer uma corrida longa sempre.
Mas é claro que não podemos deixar de valorizar a sua visão em campo aberto e sua mudança de direção. Em seu segundo corte da jogada abaixo, note como ele ataca verticalmente o campo para conseguir tirar o ângulo do defensor quando ele faz o corte efetivamente.
Para fechar as jogadas aéreas desse post, uma jogada que ele não ganha muitas jardas mas que é muito valorizado em uma análise. A começar pela recepção difícil que é feita, pois o ball placement do QB foi bem ruim, então Montgomery precisa esticar os dois braços completamente para assegurar a recepção e rapidamente reage a chegada do defensor, parando subitamente para que o defensor erre o tackle. Teria tido sucesso caso não houvesse um segundo defensor próximo dele.
Se vocês ainda não entenderam, essa é a maior virtude de David Montgomery: a mudança de direção.
Ele é muito bom em saber quando não tem nada no gap desenhado e paciente para improvisar. Na jogada abaixo, novamente ele mostra que consegue mudar a direção subitamente mesmo estando com pouca aceleração, coisa rara.
Se você acha que por enquanto só viu um jogador de habilidade só, veja a próxima jogada. Equilíbrio, pad level baixo, força nos membros inferiores, competitividade e claro, mudança de direção. Tudo em uma só jogada.
Além da mudança de direção, o que mais me fascina em Montgomery é o seu equilíbrio. Essa é a sua qualidade que o diferencia dos outros.
Ainda acredito ser pouco o que ele mostrou para ser uma escolha de primeira rodada como alguns têm cogitado, mas ele possui habilidades especiais que devem garantir ser um prospecto quente para essa temporada. Marquem o nome, David Montgomery, número 32.
Lukas Denis teve uma das temporadas mais produtivas em 2017 e é uma das grandes esperanças para repetir o feito e ser cotado como um dos primeiros safeties a sair da board no Draft de 2019. Ele foi o único jogador da última década com pelo menos 80 tackles, sete interceptações, dez passes desviados e dois fumbles forçados em uma temporada. No final do ano, ele ganhou o prêmio de All-American coroando a sua excelente temporada.
Os seus grandes números foram realmente uma surpresa. Denis era um cornerback 2 estrelas pela Rivals e que foi pouco recrutado, recebendo proposta apenas de Holy Cross, Massachussets e Boston College.
A transição para Safety só aconteceu em 2017 e a posição ainda é novidade para ele, mas está aprendendo rapidamente e evoluindo jogo a jogo. É comum ver erros inexperientes como esse que separei abaixo ainda mesmo com tanta produção que teve na temporada passada.
Ele ainda precisa pensar no que está fazendo e não age naturalmente como gostaríamos de ver de um prospecto top. Repare como ele encara o mesh point por alguns momentos a mais e só depois se dá conta que foi feito o play action e a bola não está com o running back. Com isso, ele não conseguiria dar o suporte necessário para o seu cornerback. A sorte dele é que o passe não foi nessa direção.
Outro erro que Denis ainda comete é desconhecer os famosos “atalhos do campo”. Note como no momento do passe que Denis tenta atacar verticalmente o jogador que irá receber o passe e o momento não era pra fazer isso. Com os seus dois passos para frente ele se colocou em uma posição muito ruim de tacklear o jogador.
Outro exemplo de sua agressividade que ultrapassa o ponto:
Essa sua agressividade precisa ser melhor balanceada, pois mesmo que cause jogadas como essa de cima que colocam o time em uma situação ruim, ele também demonstra uma boa velocidade de chegar no ponto que a bola foi lançada rapidamente por ter visto a jogada acontecer antes do quarterback realmente lançar a bola. Abaixo, um lance em que ele consegue interceptar a linha de passe e fica com a bola na linha de goal line e carrega ela por mais da metade do campo.
Sua explosão fica clara ao assistir tape principalmente em momentos que ele está marcando em zona, a bola é lançada em outra zona e ele chega voando para impedir o avanço adversário. O grande problema é que em algumas vezes ele não consegue finalizar a jogada. Espero que nessa intertemporada ele tenha trabalhado bastante na academia para adicionar mais força no seu jogo porque isso não é o ideal.
Mais um exemplo de como ele pode usar uma técnica melhor de tackle e que também mostra um pouco da sua falta de força de jogo. O wide receiver recebe o contato e consegue se esticar para um ganho extra de jardas com pouco esforço, caso fosse algum jogador que tivesse uma mentalidade mais firme era provável que acontecesse até mesmo a quebra do tackle.
Denis é um jogador versátil que consegue marcar bem man coverage e zone coverage. Ultimamente os últimos Safeties a saírem na primeira rodada possuíam essa versatilidade e não ficavam presos a apenas uma posição (exceção a Malik Hooker que é primariamente um single high safety). Isso certamente ajudará Denis em seu stock.
Mais um exemplo dele marcando homem a homem e conseguindo inclusive atacando a bola que o Tight End faz por merecer a recepção.
Ele também já demonstra em alguns momentos o seu reconhecimento de rotas em certos momentos. Abaixo, uma slant que ele identifica rapidamente e ataca a rota sem dar passos em falsos mostrando novamente a sua explosão e aceleração.
Lukas Denis ainda é um jogador que tem alguns pontos a evoluir, principalmente sua força de jogo e técnica de tackle, mas já demonstra ser um prospecto interessante para o próximo Draft, pois ele possui a habilidade de fazer jogadas e ser esse playmaker e estar próximo das jogadas em todos os lances é o que os times procuram. Seu atleticismo é acima da média mas seu peso(apenas 185 lbs) causará alguns questionamentos no processo do Draft. É importante ver como ele irá se comportar na temporada para minimizar esses problemas evidentes em seu jogo.
Devin White causou alguns problemas no High School dentro e fora de campo. Dentro, jogava tanto em ataque quanto na defesa. No ataque, era Running Back e correu para cinco mil jardas e 81 touchdowns terrestres em seus 3 anos em North Webster, Los Angeles. Na defesa, consegui 192 tackles em 2 temporadas jogando no outro lado da bola. Porém, fora de campo também foi acusado de “conhecimento carnal” com uma garota de 14 anos, um eufemismo para sexo, que foi consentido pela garota. Segundo as leis do estado, caso White tivesse quatro anos a mais do que a menina, isso seria considerado um crime, como ele ainda tinha 17 anos, as acusações foram retiradas.
Um mês depois, White foi acusado de dirigir em alta velocidade e não encostar quando a polícia exigiu, causando ainda mais problemas. Mas nada disso impediu de White ser altamente recrutado por todas as grandes universidades.
A sua escolha foi por LSU que prontamente deixou de jogar como Running Back e foi para a defesa jogar de Linebacker. Como true freshman, jogou os 12 jogos e registrou 30 tackles em seu primeiro ano e mostrou que tinha potencial para se tornar algo especial.
No segundo ano(temporada passada), ele confirmou. Foram 133 tackles(4ª maior marca da história de LSU), 4.5 Tackles for Loss, 5.5 sacks, 1 interceptação, 3 passes desviados e 4x escolhido como o jogador defensivo da SEC da semana. Nós veremos mais adiante como ele conseguiu números tão bons através dos tapes que eu separei.
Devin White usa a camisa de número de 40. A primeira jogada é contra Florida Gators, jogo que ele teve 13 tackles e 1 sack.
Antes do snap, White estava comunicando com a sua defesa alguma coisa que ele notou na formação do adversário e ao acontecer o snap, White sabe que o TE #80 fará o crack block em cima dele e já vai preparado para o contato abaixando os seus ombros dando o primeiro impacto no jogador dos Gators, em seguida, ele fica com o caminho livre para tacklear o Running Back na linha de scrimmage.
Agora alinhado no lado direito de sua defesa, White consegue ler e reagir perfeitamente ao ataque de Florida. Em um primeiro momento, o número 4 faz um fake sweep e ele se mantém disciplinado aguardando para ver se a bola iria para as mãos dele, quando não acontece, White se posiciona no gap A para evitar um corte pra dentro do Running Back quando se abriu o gap no combo block do Center e do Right Guard em cima do DT de LSU. Após mais um ou dois passos do RB em outra direção, White já sabe que aquele gap se fechou pra ele e pela primeira vez deixa de ser reativo e ataca o Running Back conseguindo o tackle junto com mais um companheiro de equipe e evitando o first down dos Gators. A quantidade de informação que ele processou em milésimos de segundo é fantástica.
Ele também exibe um ótimo atleticismo conseguindo ter a famosa velocidade “sideline to sideline”. Note também como ele possui um grande entendimento de tacklear sob tráfego desviando dos jogadores que estão no meio do caminho sem tirar os olhos do ball carrier.
Mais um exemplo.
Contexto da jogada: Terceira pra 2. Formação pesada para poder correr e converter a primeira descida. White sai do bloqueio do Center e consegue gerar contato com o Running Back que já estava caindo pra frente apenas com o objetivo de fazer a conversão. É preciso ter muita força de jogo para não deixar isso ter acontecido.
Após a leitura perfeita e fechamento do gap, White ainda consegue encostar no Running Back com um dos braços e puxá-lo pela camisa facilitando o gang tackle.
Uma característica muito subestimada em linebacker é a de fazer jogadas em tráfego e essa é uma das grandes qualidades em Devin White. Manter os olhos no ball carrier e saber o que está acontecendo ao seu redor e de quem está vindo para bloqueá-lo é muito importante para evitar bloqueios desnecessários.
A próxima jogada é daquelas jogadas que te convence imediatamente do ótimo jogador que Devin White é. Novamente exibindo seu atleticismo para sair de um ponto para outro e sua disciplina para evitar que o ball carrier cortasse pra dentro. Jogada para ser de exemplo como tacklear nesses casos.
Para fechar o jogo contra os Gators, em uma quarta descida que White estava marcando em zona, ele lê os olhos do quarterback e desvia o passe que tinha direção e iria renovar as chances do adversário que só precisava de um FG para vencer a partida.
Na jogada abaixo, acontece uma read option em que ele acompanha o mesh point(momento que o RB e o QB se encontram para fazer o handoff) e note como ele vira o quadril quando o QB toma a decisão de ficar com a bola. O movimento que ele faz é digno de um atleticismo invejável e que deve ser mostrado quando fizer o 3 cone drill no Combine.
Um dos pontos que Devin White precisa melhorar são seus passos em falso e sua agressividade excessiva em certas jogadas como as duas de baixo.
Sinceramente, fazia tempo que eu não me empolgava tanto com um linebacker antes de seu Junior Year quanto Devin White me impressou, principalmente por ser uma posição tão cerebral como é. Ele entra na classe sendo o meu LB1 e para eu mudar de opinião outro jogador vai ter que suar muito.
Se você acompanha o On The Clock há algum tempo já sabe o nosso desgosto quando aparece um jogador grande e forte mas com uma técnica que não está no mesmo nível do restante. Esse hype por esses atributos acontecem desde sempre e parece que não será esse ano que irá acabar. Ao olhar o ranking dos melhores Offensive Tackles da classe, Greg Little está no topo em todos como pode ser visto abaixo em prints.
Mock Draft do Walter Football
Mock Draft da CBS
Big Board de Matt Miller, do Bleacher Report
Mock Draft da Sporting News
Eu não sei até que ponto todos esses autores dos artigos assistiram tape dos jogadores de 2019 em Maio (época que a maioria dos artigos foram publicados) ou se simplesmente lançaram esses artigos para ganhar cliques, visto que o Draft de 2018 tinha sido há apenas uma semana. Para reforçar a segunda opção, todos os rankings são muito parecidos.
Greg Little possui 6’6 de altura (1,98m) e 332 lbs (150kg) o que causa essa paixão toda, mas ao olhar o tape, a história é diferente. Little possui problemas no uso das mãos, ancoragem e equilíbrio que serão demonstradas nesse post com diversas jogadas separadas.
Little é o Left Tackle de Ole Miss e usa a camisa #74. A primeira jogada é uma outside zone run e o Defensive End que seria responsabilidade de Little está alinhado no ombro de fora dele. O objetivo da jogada era ele fazer um reach block enquanto o RB #28 corre por fora, mas Little esqueceu de notar a distância entre ele e o Guard que estava bem grande e afobadamente dá o seu primeiro passo para a esquerda abrindo o espaço ainda mais. O Defensive End nota o erro e simplesmente passa no meio dos dois sem muito esforço. Little não consegue encostar no adversário.
A próxima jogada é um screen que exibe a falta de equilíbrio e da técnica do seu uso das mãos. Repare no primeiro contato com o adversário como ele está inclinado para frente e ele inicia o contato praticamente com o capacete. O resultado não podia ser outro se não ser atropelado e cair no chão sofrendo risco até de concussão pela forma como foi a jogada. Talvez por ter sido uma screen, ele não se importou tanto como deveria, o que não deixa de ser preocupante.
Abaixo, mais uma jogada que mostra a sua técnica ainda problemática. O seu trabalho de pés é lento e no momento que o pass rusher estressa-o verticalmente, Little em um momento de desespero cruza os seus pés para não perder tanto na velocidade. Como sabemos, isso causa desequilíbrio e perda de força no seu punch. Não surpreendentemente, a sua medida desesperada não é o suficiente para proteger o seu quarterback que esteve a um passo de ser sackado. Ao perceber a pressão vindo do seu lado esquerdo, Shea Patterson solta a bola no seu running back.
Outra falha frequente no jogo de Greg Little é a sua propensão por fazer faltas. Na jogada abaixo, um false start não marcado da arbitragem. Falta típica de Little em jogadas de descidas longas que são jogadas de passe. Provável que ele saiba que se não sair de sua stance antes do adversário provavelmente perderá na velocidade.
Você disse perder na velocidade? Novamente ele comete os mesmos erros já demonstrados acima acerca de seu trabalho de pés. Também não utiliza as suas mãos e mesmo a sua envergadura que deveria ser uma grande vantagem não é aproveitada.
Aqui uma jogada que ele deve bloquear o Defensive Tackle. O Running Back e o Tight End que fará um crack block são responsáveis pelo Edge. O problema é que Little simplesmente erra o tempo de dar o punch inicial e passa no vazio. A jogada está toda comprometida pois o TE tenta fazer o bloqueio do DT e o RB vai pro Edge, mas por não estarem preparados pra isso, não conseguem fazer um bom trabalho obrigado ao Quarterback a lançar a bola antes do previsto.
Para não deixar passar batido, Little cometendo False Start em outro jogo.
Abaixo mais uma jogada que Little escapa de ser marcado uma falta dele. Sem técnica de uso das mãos, Little simplesmente agarra Montez Sweat que ainda consegue empurrá-lo para cima do Quarterback que precisa sair do pocket e ganhar algumas jardas com os pés.
E para não falar que só coloquei jogadas ruins do Offensive Tackle de Ole Miss, escolhi uma jogada que mostra a sua força. Com o seu adversário fazendo um stunt, Little ajuda o seu companheiro e dá um pancake no Defensive Tackle.
Quando se tem muita força e pouca técnica, como é o caso de Greg Little, jogadas como a de baixo são comuns. Ele sai de sua stance com uma ótima explosão, mas o adversário está com uma ancoragem mais baixa e com as mãos por dentro, com isso consegue direcionar Little para fora da jogada.
A força e tamanho estão ali, mas ele precisa evoluir muito a sua técnica se quiser sair na primeira rodada. Quer dizer, se ele quiser ter uma nota de primeira rodada com o On The Clock, porque na NFL só o seu tamanho e força já é o suficiente para ser uma escolha de primeira rodada como vimos no Draft passado mesmo. Hoje a minha comparação ao assisti-lo é o jogador do Cardinals, DJ Humphrey. Vamos ver como Greg Little vai jogar a sua temporada em que todos os olhos estarão sob ele. Caso consiga mostrar evolução técnica pode ser um bom prospecto, já que hoje em dia não é.
Estamos apenas em Junho mas uma das estrelas do Draft de 2019 já tem nome e sobrenome, inclusive um sobrenome bem conhecido: Nick Bosa. Bosa é irmão de Joey, jogador dos Los Angeles Chargers escolhido na posição #3 do Draft de 2016. Nick, assim como o irmão, joga na mesma posição e em Ohio State, então as comparações serão óbvias durante todo o processo.
Nick teve um obstáculo extra ao começar a sua carreira universitária, pois seu irmão já tinha brilhado em Ohio State e ido para o Draft, então, ao entrar em campo, os ataques já sabiam do nome de Nick. Junte a isso que ele foi um jogador 5 estrelas saindo do high school com muitos falando que seu atleticismo era tão bom quanto o do seu irmão(alguns até falavam que era mais atlético) e podemos concluir na dificuldade encontrada imposta pelo ataque desde o seu primeiro ano.
Por isso, ao olhar as estatísticas de ambos é fácil de notar que Joey possui números melhores até então. Mas como já falamos inúmeras vezes aqui neste site, estatísticas não traduzem completamente para o campo. Sobre a comparação dos dois, Adam Schefter twittou:
Two NFL personnel men predicted last week that the early favorite to become the No. 1 pick of the 2019 NFL Draft is….Ohio St. DE Nick Bosa. They believe he’s going to be a better player than his older brother Joey.
— Adam Schefter (@AdamSchefter) 28 de abril de 2018
“Dois scouts da NFL previram na semana passada que o favorito para ser a pick número 1 do Draft de 2019 é… o DE de Ohio State Nick Bosa. Eles acreditam que ele será um jogador melhor do que seu irmão mais velho Joey.”
Sendo escolhido na primeira posição, a primeira rodada é quase uma certeza, salvo problemas de lesão ou extra-campo. Dito isso, ele será o quarto Bosa da família a ser escolhido na primeira rodada como Defensive End. A família Bosa é praticamente a família Manning só que de Defensive End. O pai de Nick e Joey, John, foi escolhido na posição 16 em 1987 e o tio deles, Erik Kumerow também foi escolhido na escolha 16 em 1988, ambos pelo Miami Dolphins.
Mas é hora de ver do que Nick Bosa é capaz e porque muitos já o colocam como EDGE1 da classe, sendo até melhor mesmo que seu irmão Joey.
Na primeira jogada que eu separei, eu quis demonstrar a sua capacidade e inteligência para parar o jogo corrido. Wisconsin se alinha com 2 Tight Ends e 1 Offensive Lineman extra com o QB under center, dando a entender que iriam correr a partir dessa formação. Bosa está alinhado no ombro de fora do Offensive Tackle extra, David Moorman. Rapidamente Nick Bosa percebe o lado pesando para a esquerda e ataca o ombro de fora de Moorman com uma ancoragem muito baixa e consequentemente eficiente, vencendo a sua batalha individual.
O outro OT (#61) faz o pull para pegar o Middle Linebacker de Ohio State e teria que dar uma força no bloqueio junto com seu amigo, mas Bosa consegue tirá-lo da frente sem que o atrapalhasse e consegue um belíssimo tackle. Note também como Nick teve uma saída ruim do snap, sendo um dos últimos a sair do chão, mas isso não quer dizer que ele não é explosivo, apenas que mesmo em snaps que ele sai atrasado ele consegue vencer com a sua técnica.
Abaixo, um exemplo de como ele é técnico e rápido em seu uso das mãos. Na jogada, uma 3rd&7, o TE estaria encarregado de atrapalhar Bosa inicialmente e sair para a sua rota em seguida, mas foi justamente o contrário que aconteceu. O Tight End não consegue colocar as mãos em Bosa e até cai no chão após a limpada firme e veloz de Bosa. Sua saída fica comprometida e o Quarterback não consegue tempo suficiente – causado por Bosa – antes de lançar a bola tornando o passe incompleto.
Agora são duas jogadas seguidas na partida que ele novamente usa as mãos com uma técnica que é difícil de se ver com essa frequência nos jogadores de College. Na primeira jogada, ele consegue atacar o ombro de fora com um bom leverage e repare como após conseguir limpar o bloqueio como ele esconde o seu peito para impossibilitar do Offensive Tackle se recuperar pois não haveria mais o que bloquear. Na jogada seguinte, as mãos e os pés trabalham juntos e apesar de não conseguir bater o Guard no primeiro movimento, ele consegue no segundo e terceiro, tudo isso em questão de milissegundos.
A próxima mostra como Nick está atento a tudo que está acontecendo na sua frente, novamente ele mostra como já sabe a importância de esconder o peito para o adversário bater e com isso, o Tight End(Troy Fumagalli, draftado pelo Broncos no quinto round) que iria fazer um chip block, simplesmente não encontra Bosa e até se desequilibra. A sequência da jogada é uma continuação da aula de pass rush. O OT consegue colocar o braço primeiro mas ele tira com um swim move e já em seguida mostra a sua explosão e velocidade em seus dois passos seguintes batendo verticalmente o bloqueador. Na sequência disso tudo, ele demonstra a sua flexibilidade do quadril ao conseguir contornar o arco sem gastar passos extras e ainda com a consciência do Offensive Tackle querer atrapalhar a jogada e ele impede isso se protegendo com a mão esquerda. E no final de tudo isso, ele finaliza e faz o sack. Obra de arte.
Nick Bosa consegue te vencer por dentro ou por fora, com força ou com velocidade. A forma como ele trata o Guard nessa jogada é como se um adulto estivesse jogando com crianças.
Deivis e eu falamos no podcast como ele consagra outros jogadores e a jogada abaixo é um exemplo disso. Bosa fecha o seu gap do ombro de fora fazendo com que Ronald Jones II não tivesse outra opção a não ser cortar por dentro e acaba sendo tackleado por jogadores no meio da linha de scrimmage.
Como dito acima, ele pode te vencer de todas as formas e isso acontece dentro de uma jogada. Após uma bela limpada no OT, ele converte a sua velocidade em força mantendo o seu leverage e fazendo um bull rush em cima do Guard e faz a pressão em Sam Darnold que é obrigado a lançar a bola fora para não sofrer o Safety.
Como podem ver, Bosa é um jogador extremamente técnico e já pronto para a NFL. Por ainda ser um Junior, nós não sabemos com certeza se ele irá se declarar para o Draft, embora ache que a chance disso acontecer é gigante. Caso não haja problemas fora de campo ou de lesão durante a temporada, Nick Bosa tem tudo para brigar para ser a escolha 1 do Draft de 2019.