Felipe Vieira
Felipe Vieira
Editor-chefe do Panthers Brasil, editor de vídeo do Draft Breakdown e ex-aluno do Scouting Academy. Apaixonado por scouting, tem o dia do Draft como o melhor dia do ano. Twitter: @lipevieira
Ronald Jones foi escolhido no começo da segunda rodada com o propósito de ser o principal running back dos Bucs. Sua escolha fez muito sentido por todos os ângulos que olhávamos. Primeiro que Jones era realmente um jogador talentoso suficiente para ser escolhido no ponto do draft que foi. Segundo que o esquema de Tampa Bay se encaixava bem naquilo que Jones fazia em USC. E por último, Tampa Bay não tinha um running back realmente bom há muito tempo e precisava jogar com Jacquizz Rodgers e seus blue caps.
Por tudo isso, a expectativa em cima do ex-jogador de USC era grande. A decepção começou quando Ronald Jones ficou inativo nas três primeiras partidas da temporada perdendo espaço para os nada admiráveis Peyton Barber, Jacquizz Rodgers e até mesmo Shaun Wilson.
No domingo, Ronald Jones teve o seu primeiro touchdown profissional e também foi o primeiro touchdown terrestre da temporada de Tampa Bay, o que mostra que os problemas terrestres ainda se mantém. Por isso mesmo, temos que fazer a pergunta: a culpa desse começo lento é exclusiva de Ronald Jones? Vamos analisar algumas de suas carregadas nas temporadas.
Ronald Jones está tendo uma média de 2,6 jardas em 17 carregadas, o que é um número bem ruim para dizer o mínimo. Porém, ao ver o tape, vemos como a jogada de baixo que o left guard simplesmente esquece que tem um defensive tackle alinhado na sua frente e deixa ele passar porque erra o primeiro passo. Ronald Jones já estava sofrendo o contato no momento que recebe a bola.
Próxima carregada dele no jogo e…
Vamos tentar de novo:
Mais uma?
Jones também tem a sua parcela de culpa como alguns drops e hora ou outra precisa tomar melhores decisões a partir de sua visão. Abaixo, uma jogada de outside zone run que Jones ignora o buraco aberto pelo meio e segue no desenho da jogada, mas um corte pelo meio e teria ganho mais jardas.
Aos poucos, Jones vai se aclimatando com a NFL, melhorando a sua habilidade de recepção e pass protection como já demonstrou no último jogo contra os Browns. O começo da carreira de Jones foi devagar, mas ainda não descarte a sua evolução para virar o principal running back de Tampa Bay. Paciência com o produto de USC porque não mostrou nada que me preocupa a longo prazo, a não ser uma fraca linha ofensiva e falta de confiança.
Alabama vem triturando todos os seus adversários. Nenhum jogo foi minimamente equilibrado e teve alguma chance contra eles. Tua Tagovailoa possui 21 touchdowns e ainda não foi interceptado nenhuma vez sequer. Com o ataque sendo tão produtivo assim ficaria difícil para qualquer time, mas quando se junta com uma defesa do nível que o time de Nick Saban possui, fica quase impossível.
A surpresa da temporada é o redshirt sophomore Quinnen Williams que era pouquíssimo falado antes de começar a temporada. Williams tem se mostrado um dos melhores defensive tackles da classe em uma classe extremamente recheada. Até o momento, Williams é o jogador defensivo mais bem ranqueado no Pro Football Focus e por mais que eu tenha diversas discordâncias com a PFF, consigo enxergar isso estando correto.
O jogo que me fez abrir os olhos sobre Williams foi contra os Aggies na semana 4. Williams viveu no backfield adversário com uma demonstração rara de agilidade, mudança de direção, explosão e movimentos de pass rush. A jogada de baixo mostra um pouco disso que acaba resultando em uma interceptação do ótimo linebacker Mack Wilson.
A sua violência em fazer o swim move é constante e conseguimos ver isso frequentemente no tape.
Por ser um nose tackle, Williams precisa mostrar a mesma qualidade contra o jogo corrido e ele consegue controlar o bloqueador até mesmo em situações que ele tem a responsabilidade por dois gaps. Coisa muito difícil para fazer para jogadores do seu tamanho e especialmente com sua explosão.
Williams tem essa capacidade de controlar o bloqueador e se desvencilhar do bloqueio para fazer o tackle no momento certo.
A sua variedade de movimentos de pass rush é algo que impressiona. Abaixo ele vencendo com um rip move violento e novamente com sua explosão.
Williams também consegue vencer com sua força de jogo através do seu bull rush.
Quinnen Williams é um jogador completo que está brilhando em uma linha defensiva recheada de grandes jogadores. Excluindo problemas fora de campo ou lesões, pra mim ele já é uma garantia de primeira rodada.
Jerry Tillery tem crescido muito o seu draft stock semana após semana e isso se explica muito a sua evolução como jogador. Na temporada passada, Tillery já mostrava flashes de um grande jogador mas ainda precisava melhorar a sua técnica em alguns pontos, principalmente no seu uso das mãos. Nessa temporada, Tillery veio para mostrar o seu valor com sangue nos olhos. O seu jogo contra Stanford na semana 5 foi um monólogo do jogador e vi poucas perfomances tão dominantes nesse ano como a que ele teve nesse jogo.
Isso só mostra como em algumas situações que voltar para o ano de Senior é muito vantajoso. Ele não era um jogador para ser escolhido no top-50 no ano passado caso se declarasse e agora é muito provável que saia na primeira rodada.
Abaixo, a primeira jogada que separei é contra Michigan. Tillery, número 99, está alinhado como 3 technique e é responsável pelo gap A do lado esquerdo do Center, toda a linha defensiva faz o flow para o lado esquerdo. A corrida do running back é justamente no gap B, ou seja, não é a responsabilidade de Tillery que já tinha cumprido muito bem a sua responsabilidade porém ele faz mais do que precisava e consegue forçar o tackle do outro lado impedindo o first down e o ataque de Michigan de pontuar na jogada.
A próxima jogada mostra a força de jogo dele. Contra Stanford que possui uma das maiores tradições em jogadores de linha ofensiva, ele consegue jogar o guard no chão como se não fosse nada. E não é uma jogada que pega o guard desprevenido e nem nada do gênero. Ele não teve estatística na jogada, mas simplesmente dominou o left guard.
Novamente contra Stanford em uma jogada rápida que resulta touchdown de J.J. Arcega Whiteside, mas o processo de Tillery novamente está presente e consegue vencer instantaneamente com o seu leverage e o uso das mãos que nos anteriores não conseguia.
Tillery teve quatro sacks no jogo contra Stanford na semana retrasada e começou a dominar logo no primeiro snap da partida. A sua explosão nesse lance fica clara e é de longe o primeiro a encostar no bloqueador que fica sem base para o bloqueio. A jogada também não teve nem sack e nem tackle de Tillery, mas é sempre importante olhar o processo.
Em uma classe recheada de grandes defensive tackles, Tillery é mais um pronto para sair na primeira rodada.
Saquon Barkley era tratado por muitos com um dos melhores prospectos a sair do College e por isso poucos davam importância para o RB2 dos Nittany Lions, Miles Sanders. Sanders foi um jogador altamente requisitado saindo do high school, sendo um jogador 5 estrelas pela Rivals e 247Sports , também considerado por todos como o melhor running back da classe de 2016.
Sanders já estreou em Penn State como um true freshman e bem… você sabe que durante 2016 e 2017 só teve basicamente um jogador carregando a bola. Inclusive, Barkley falou em Agosto sobre o seu ex-companheiro de equipe: “Eu acho que Miles Sanders fez um avanço muito grande do ano passado para esse. Sua identificação de blitz na proteção de passe está muito melhor. Ano passado parecia que ele não sabia o que estava acontecendo. Agora ele está comunicando e fazendo as jogadas certas.”
As 200 jardas terrestres cravadas e os três touchdowns no jogo do fim de semana contra Illinois foi o suficiente para ganhar o prêmio de jogador ofensivo da semana da Big Ten. Sanders estourou nesse jogo mas já vinha mostrando em todas as partidas de 2018 que é um prospecto interessante para o próximo Draft caso se declare.
Sanders é um running back que demonstra possuir uma habilidade de corte súbito e sutil muito eficiente. Note na jogada abaixo como ele dá o primeiro corte na linha de scrimmage e depois novamente já em campo aberto tirando toda a angulação para o tackle do defensor e fazendo com que errem ou no máximo consigam usar apenas um braço para tentar pará-lo, o que complica bastante a vida do defensor.
A linha ofensiva de Penn State é muito boa e uma das melhores da nação, sem sombra de dúvidas, na jogada abaixo, o left guard abre um buraco muito grande pro Sanders aproveitar e explode causando um ângulo errado do safety que assim como falei acima, não é o suficiente para parar Sanders que vai para a endzone.
Na próxima jogada, Sanders faz 3 defensores errarem os tackles.
E ele faz isso constantemente no seu tape.
Sanders não tem um corte elite como tinha Barkley mas tem um corte muito bom e tem algo que Barkley que não tinha. O seu entendimento da situação do jogo de aceitar o que a defesa está dando ao invés de fazer o bounce pra fora e tentar bater o home run com uma corrida longa. Abaixo, uma terceira descida pra duas jardas que ele abaixa o pad e empurra os defensores para conseguir a primeira descida e mover as correntes.
Em uma classe que não há tantos grandes nomes, Miles Sanders tem jogado até aqui o suficiente para garantir menções no dia 2. Questões sobre a OL facilitar muito o jogo dele surgirão ao longo do processo, mas ele consegue criar jardas por si próprio e é uma das grandes surpresas na temporada pra mim. Fiquem de olho!