Salary Cap: franchise tag, free agents e opções de calouros

Chegou o momento de finalizarmos nossa série sobre Salary Cap. Desta vez, trataremos de alguns conceitos auxiliares, mas que afetam a folha salarial das equipes. Esta quarta e última parte deste especial abordará quais os diferentes tipos de free agents, como podem ser retidos no elenco, além de mecanismos como a franchise tag e a opção de quinto ano de contratos de calouro.

Os diferentes tipos de free agents

Um free agent nada mais é do que um jogador sem contrato. Estes ganham destaque depois da temporada, uma vez que podem assinar com novos times e suas movimentações agitam o ciclo de notícias da liga. No entanto, não é tão visível para o fã que existem três tipos diferentes de free agents. Eles são os irrestritos, os restritos e os de direitos exclusivos.

Para todos estes casos, a determinação da categoria na qual o jogador se encaixa vem das chamadas “accrued seasons” (temporadas acumuladas, em tradução livre). Para acumular uma temporada, o atleta deve ter atingido pelo menos 6 jogos no elenco ativo, na PUP ou na Injury Reserve de um time durante o ano.

Por isso que muitas vezes jogadores em greve se apresentam aos times depois de algum tempo. Isto acontece porque precisam garantir que acumularão uma temporada, uma vez que isto afeta seu status como free agents.

Free agents irrestritos

São o tipo mais comum. Um jogador se qualifica nesta categoria quando está sem contrato e possui 4 ou mais accrued seasons. Eles são livres para assinar com qualquer equipe.

Free agents restritos

Jogadores sem contrato com exatamente 3 temporadas acumuladas. Eles são livres para negociar com outros times e podem inclusive aceitar ofertas, mas não necessariamente mudarão de equipe.

Para jogadores desta categoria, o time original tem a decisão de utilizar a chamada “tender”. Ela é uma preferência na manutenção do jogador dividida em três opções, com valores e retornos diferentes.

Em todos os casos, utilizar uma tender representa que o time terá o direito de igualar uma oferta aceita pelo jogador. Caso igualem, ficam com o atleta nos termos que ele concordou com o outro time. Caso não igualem, ele deixará a equipe e ela receberá compensação em escolhas de Draft de acordo com a tender utilizada.

RFA de direito de primeira recusa – o menor valor, sendo de US$ 2,627 milhões em 2023. Caso o jogador assine com outro time, a compensação será uma escolha da mesma rodada em que foi selecionado no Draft. Se não tiver sido draftado, sairá sem que o time receba algo em troca.
RFA de segunda rodada – Teve valor de US$ 4,304 milhões em 2023 e gera uma compensação no valor de uma escolha de segunda rodada caso o jogador saia.
RFA de primeira rodada – Teve valor de US$ 6,005 milhões em 2023 e rende uma escolha de primeira rodada se o jogador deixar a equipe.

Os salários das tenders são calculados aplicando o crescimento percentual do salary cap e aplicando no valor da tender do ano anterior.

Se nenhum outro time fizer uma oferta pelo atleta, jogará pelo salário definido na tender e será um free agent irrestrito na temporada seguinte.

Caso o time não utilize uma tender, o jogador se torna um free agent irrestrito e pode assinar com qualquer time.

Free agents de direitos exclusivos

Tipo pouco visto, válido normalmente para jogadores que não foram draftados, que geralmente assinam contratos curtos no começo da carreira ou então passam algumas temporadas no practice squad. Eles são os atletas com duas ou menos temporadas acumuladas.

Para mantê-los em seus elencos, a equipe precisa apenas ativar a cláusula de oferta qualificatória e o jogador permanecerá no time sem ter alternativa. Seu salário será o mínimo para um jogador com a sua experiência, conforme mostrado na primeira parte desta série.

A franchise tag e suas variadas modalidades

A franchise tag é o mecanismo para manter um jogador por mais um ano mesmo ele sendo um free agent irrestrito. Um time pode utilizá-la em apenas um jogador em cada offseason. O salário associado é 100% garantido e ela possui três modalidades distintas, que se diferenciam nos valores salariais e nas restrições de negociação.

Em todas as opções, o time pagará o maior valor entre o salário da tag e 120% do salário do jogador no ano anterior. Além disso, caso o jogador tenha recebido a tag no ano anterior, seu salário será de 144% em cima do valor do ano anterior.

Franchise tag exclusiva

Opção que garante que o jogador não pode negociar com outras equipes. Seus direitos ficam totalmente vinculados ao time atual. Seu valor é igual à média dos cinco maiores salários da posição na temporada atual.

Franchise tag não exclusiva

Permite que o jogador negocie com outros times e possa assinar. Neste caso, a equipe que usou a tag poderá igualar a oferta e manter o atleta. Caso não o faça, receberá uma escolha de primeira rodada em cada um dos dois Drafts seguintes.

Seu valor é calculado com uma fórmula diferente. Primeiro, se pega a média dos top 5 salários da posição em cada uma das cinco temporadas anteriores. Estas cinco parcelas são então somadas e depois esta soma é dividida pela soma do teto salarial deste mesmo período. Isto produzirá um percentual de cap que é então aplicado no salary cap atual e gera o valor final da franchise tag não exclusiva para a temporada.

Transition tag

Assim como a franchise tag não exclusiva, habilita o jogador a negociar um contrato com um outro time e permite que a equipe atual iguale para mantê-lo. No entanto, caso não igualem, perderão o atleta sem receber compensação.

Ela é calculada com uma fórmula muito parecida com a da tag não exclusiva. A única diferença é que a média dos salários não é a do top 5 da posição e sim a do top 10. A partir disso, se aplica o restante da metodologia.

Mecanismos de contratos de calouro

Conforme já mencionamos na primeira parte da série, os jogadores possuem contratos específicos no momento em que entram na liga de acordo com a posição em que foram draftados. Estes vínculos seguem uma escala pré-determinada, com algumas cláusulas negociáveis. No entanto, existem alguns mecanismos que valem menção, uma vez que podem afetar os valores dos contratos ou a duração deles.

Proven Performance Escalators

Este mecanismo é menos conhecido, uma vez que só afeta o valor do quarto ano de contrato de jogadores escolhidos da segunda até a sétima rodada. A quantia depende de alguns critérios e não é garantida, o que muitas vezes pode tornar os jogadores alvos de cortes.

As categorias e critérios são:

Nível 1 – Salário base elevado para o valor da tender de RFA de direito de primeira recusa. Ele é atingido caso o jogador participe de mais do que uma porcentagem determinada de snaps ofensivos ou defensivos em duas de suas três primeiras temporadas. Para escolhas de segunda rodada, a quantidade é de 60% e para escolhas de terceira a sétima rodadas é de 35%.
Nível 2 – Salário base elevado para o valor da tender de RFA de direito de primeira recusa acrescida de US$ 250 mil. Este nível é alcançado se o jogador participar de pelo menos 55% dos snaps ofensivos ou defensivos de seu time em cada uma de suas três primeiras temporadas.
Nível 3 – Salário base elevado para o valor da tender de RFA de segunda rodada. Conquistada caso o jogador seja selecionado ao Pro Bowl pelo menos uma vez nas seleções originais. Isto quer dizer que ser um Pro Bowler como suplente não qualifica o jogador para este benefício.

Opção de quinto ano

Para os jogadores escolhidos na primeira rodada, existe a chamada opção de quinto ano. Com ela, o time tem a escolha de ativar um quinto ano no contrato. O salário deste ano é totalmente garantido no momento em que é ativado e tem seu valor determinado a partir de alguns critérios. A decisão de ativação é feita após o Draft antes do quarto ano de contrato de calouro.

Se não for ativada, o jogador se torna um free agent irrestrito ao fim do quarto ano de contrato, mas fica sujeito ao uso da franchise tag. Além disso, caso seja cortado ao longo do contrato de calouro, esta cláusula se perde.

São 4 categorias de incentivos sempre calculados depois do terceiro ano e o jogador terá o salário equivalente ao da melhor categoria na qual se encaixar.

Básico – jogador que não atinge nenhum dos outros incentivos. Seu salário do quinto ano será o menor, sendo a média do 3º ao 25º maiores salários da posição nos cinco anos anteriores.
Tempo de Jogo – jogador tem 75% ou mais dos snaps em 2 das 3 temporadas, jogador tem uma média de 75% ou mais dos snaps no total das três temporadas ou jogador tem 50% ou mais dos snaps em cada uma das três temporadas. Nest caso, o salário do quinto ano será a média do 3º ao 20º maiores salários da posição nos cinco anos anteriores.
1 Pro Bowl – jogador é selecionado para 1 Pro Bowl (não pode ser substituto). Nesta categoria o salário do quinto ano é igual ao valor da transition tag da posição.
2 Pro Bowls – jogador é selecionado para 2 ou 3 Pro Bowls (não pode ser substituto). O salário do quinto ano é o maior nesse caso, sendo igual à franchise tag não exclusiva da posição.