Toda vez que uma troca acontece na NFL, todos dão opiniões para os movimentos, visando determinar quem foi o vencedor da transação. Contudo, toda negociação considera algum parâmetro para chegar em um acordo que favoreça todas as partes envolvidas. Especialmente quando o negócio se trata de uma permuta de escolhas de Draft, as famosas tabelas aparecem como uma opção para avaliar o processo.
Não existe uma franquia na liga atualmente que não utilize algum modelo de tabela para valorar suas escolhas de Draft e guiar a tomada de decisão em momentos de negociação. Dessa forma, vamos explicar uma série de perguntas que são comuns sobre este assunto. Quais as principais opções disponíveis para o público? Como elas são elaboradas? Como funcionam e quais suas limitações?
A tabela Jimmy Johnson: como tudo começou
Os Cowboys no final dos 1980 estavam em uma fase ruim. Na época, o lendário treinador Jimmy Johnson acabara de chegar na equipe e comandado uma temporada de retrospecto 1-15. A partir disso, percebeu precisar encontrar alguma maneira de conseguir vantagens competitivas. Neste processo, reparou o problema que era a falta de um guia para negociar trocas envolvendo apenas escolhas de Draft. Assim, decidiu convocar Mike McCoy, executivo do time, para ajudá-lo a definir o valor de cada escolha.
Para isso, Johnson e McCoy analisaram todas as trocas de escolhas na história da liga até aquele momento. Com isso, deram valores para cada uma das escolhas em relação umas as outras. Por meio desse modelo, chegaram em um valor de 3000 pontos para a primeira escolha geral, de 2600 para a seguinte até 1,1 para a escolha 224. Isto rendeu resultados e, após anos, se difundiu pela NFL.
Até hoje, ela é a tabela mais conhecida e que todos os times usam como base para negociação, apesar de desenvolverem suas próprias versões. Isto pode ser visto a partir de comentários de executivos, como Brandon Beane, GM dos Bills, que declarou para o Washington Post que “nós ainda a usamos como uma base. Nós usamos outras, mas ainda referenciamos ela como um ponto de partida”
As versões mais modernas
Para considerar as escolhas compensatórias que ampliaram a quantidade de seleções feitas no Draft, uma simplificação foi feita para tornar o valor de todas as escolhas após a 224 segundo a tabela de Jimmy Johnson em 1. Pensando em atualizar este processo, Rich Hill (analista do site Pats Pulpit) repetiu a metodologia feita por Johnson e McCoy, mas com as trocas que aconteceram depois daquele momento.
Hill também considerou um espectro mais amplo de escolhas, já que incorporou as compensatórias em seu modelo. Dessa maneira, elaborou sua própria tabela, que dá 1000 pontos para a primeira escolha geral, 717 para a segunda e chega em 1 para a última, que foi a 262 no último Draft.
Outras metodologias foram implementadas por diferentes pesquisadores. Chase Stuart utilizou a métrica Approximate Value (AV), valor calculado a partir de estatísticas e prêmios para avaliar a temporada de um jogador, para medir o impacto médio dos atletas selecionados em cada escolha de Draft ao longo de suas carreiras. Dessa forma, chegou em outra série de valores para as escolhas. Um grupo da universidade de Harvard também fez um trabalho semelhante utilizando a mesma métrica.
Outra tabela relevante foi a elaborada por Brad Spielberger e Jason Fitzgerald em 2020, responsáveis pelo Over The Cap, site especializado em contratos da NFL. A metodologia aplicada para gerar a tabela Fitzgerald-Spielberger foi considerar o valor anual médio do contrato que os jogadores escolhidos em cada seleção no Draft após o término de seus vínculos de calouros.
Este valor foi então comparado com a média do top 5 da posição do jogador naquele momento para entender o seu percentual. Por exemplo, em um cenário totalmente ilustrativo, se um QB selecionado na primeira escolha geral renova seu contrato por uma média de 30 milhões anuais e os cinco maiores contratos da posição têm média de 40 milhões, então este novo acordo representou 75% do top 5. Este procedimento foi feito para todos os jogadores de todas as posições selecionados entre 2011 e 2015. A pesquisa está detalhada no livro The Drafting Stage e avalia a primeira escolha geral em 3000 pontos, a segunda em 2649 e a 256 (última listada) em 190.
Para comparação, a imagem a seguir mostra os valores das escolhas conforme as tabelas do Jimmy Johnson, Rich Hill e Fitzgerald-Spielberger. Como a primeira e a última trabalham em uma escala até 3000 pontos e a segunda vai até 1000, esta foi multiplicada por três para auxiliar na visualização. Nesta figura, é possível perceber como os valores projetados por Johnson e Hill apresentam um comportamento semelhante, enquanto a proposta do Over The Cap tem uma queda mais suave de valores.