O oscilante Patrick Queen tem solução?

by João Gabriel Gelli

Na primeira rodada do Draft de 2020, o Baltimore Ravens selecionou o LB Patrick Queen. Essa escolha visou preencher uma posição de necessidade e de grande significado histórico para a franquia. No entanto, Queen nem sempre tem entregado o que era esperado. O que se observa é um jogador inconsistente, capaz de jogadas explosivas, mas com falhas que incomodam. Dessa forma, vamos analisar as suas características, como elas se manifestaram na NFL e como ele tem evoluído.

A expectativa na época do Draft

Queen virou titular em LSU somente em 2019, seu último ano na universidade. Por conta disso, não apareceu tanto nas estatísticas. Era visto como um jogador de primeiro passo muito rápido e velocidade para patrulhar todo o campo. Apresentava os atributos físicos para ser um marcador eficiente tanto em coberturas em zona quanto no mano a mano. Contudo, precisava mostrar maior capacidade de ler o jogo e melhores instintos.

Além disso, faltava um pouco de vontade para distribuir danos e tinha alguma dificuldade para fugir de bloqueios. Neste cenário, era um jogador em ascensão, que poderia ser colocado como peça central de uma defesa e contribuir, mas que provavelmente cometeria uma boa dose de erros enquanto aprendia. Foi nisso que os Ravens apostaram com a 28ª escolha do Draft.

A temporada de calouro

Em seu primeiro ano na NFL, Queen mostrou alguns dos traços esperados. Desde a primeira partida atuou em uma quantidade elevada de snaps, tendo terminado a temporada com participação em 80% das jogadas defensivas dos Ravens. Jogador muito rápido, era uma arma valiosa nas frequentes blitzes do DC Wink Martindale. Foram 21 pressões em pouco mais de 100 snaps de pass rush, com três sacks.

Isso foi só parte de uma temporada bastante produtiva em termos de números brutos. Queen também passou dos 100 tackles, forçou dois fumbles, recuperou dois, retornando um para touchdown e ainda conseguiu uma interceptação. Estas estatísticas fizeram com que tivesse 2 votos na eleição de calouro defensivo do ano.

Entretanto, o produto em campo mostrava alguns problemas. Queen sofreu na cobertura, sendo um alvo visado com muita frequência pelos adversários. Ele permitiu que 56 dos 65 passes lançados em sua direção (86,2%) fossem completos para 545 jardas e cinco TDs. Além disso, teve uma elevada taxa de 18,3% tackles perdidos.

O ano de 2021 até aqui e o que vem por aí

Entrando na atual temporada, já contava com um ano para se acostumar com a velocidade da NFL e uma offseason sem complicações por conta da COVID-19 para se preparar. Dessa forma, a expectativa era de que Queen desse um passo à frente, subindo de patamar como jogador. A pré-temporada deu alguns bons sinais nesse sentido, com algumas jogadas de reconhecimento rápido e ações precisas. Contudo, quando o campeonato começou a valer, as inconsistências voltaram.

Mantendo sua função como principal LB da equipe, Queen sofreu com técnica de tackle mal aplicada. Também mostrou dificuldades para desengajar de bloqueios em diversas situações, com passividade para atacar gaps e falta de senso de urgência para lidar com os bloqueadores.

Em utilização, seguiu com sua porção de snaps sendo usado em blitzes, com boa taxa de sucesso. Até agora, em dez jogos, totaliza 40 jogadas em que foi usado no pass rush, com 9 pressões e 2 sacks.

Depois de cinco semanas de desempenho decepcionante, a comissão técnica resolveu fazer mudanças. Isto passou por elevar o veterano Josh Bynes para o posto de MIKE titular e passar a usar Queen como WILL. Esta foi a função que o jovem executou na universidade e tirou parte da carga de suas costas. Isto reduziu seu volume de snaps e ajudou a posicioná-lo de melhor forma em campo.

Queen respondeu muito bem a esta mudança e está em uma sequência de ótimas atuações. Nas cinco primeiras semanas, teve uma taxa de 23,3% de tackles perdidos. No entanto, desde que mudou de alinhamento, não errou nenhum. Tem aplicado melhor a técnica, sem usar tanto os ombros para iniciar o contato de forma descoordenada, e finalizado as jogadas com maior intensidade.

Na cobertura, ainda apresenta alguns problemas, mas os números estão melhorando. Tem encontrado um melhor posicionamento nas zonas, fechando janelas. Foram 30 passes lançados em sua direção até agora na temporada, com 21 completos (70%) para 201 jardas, sem touchdowns, nem interceptações.

De forma comparativa, nos cinco primeiros jogos, Queen participou de 165 snaps na cobertura, com 24 passes lançados em sua direção e 19 recepções cedidas para 196 jardas. Já nas últimas cinco partidas foram 77 snaps de cobertura, com seis passes lançados em sua direção e duas recepções cedidas para cinco jardas. Portanto, os números mostram que ele tem feito um bom trabalho de evitar ser o alvo e de limitar os estragos quando é visado.

Esta mudança de função parece ter ajudado Queen a recuperar confiança. Ele tem mostrado menos hesitação para atacar os gaps e fazer uso de toda a explosão. Com maior agressividade, realiza uma boa dose de jogadas explosivas.

Além disso, seu elevado potencial físico, especialmente no que diz respeito à velocidade, é muito valioso. Ele mostra a capacidade de fazer jogadas de lateral a lateral. Quando está no seu ápice, consegue processar rapidamente e fluir na direção da bola de forma impressionante.

Tudo isto mostra como Queen é um jogador de altos e baixos, com teto para ser um ótimo LB na NFL. Ele mostra com frequência que é capaz de grandes jogadas, mas também de algumas falhas frustrantes. A mudança de função em campo parece tê-lo ajudado a enxergar melhor o que precisa fazer e a executar com maior qualidade. Isto o tornou um atleta mais consistente e eficiente.

Todavia, agora tem uma responsabilidade menos valiosa. Sua porção de snaps caiu de 89% nos cinco primeiros jogos para 54% nos últimos cinco. Embora isto seja um bom trabalho da comissão técnica para ajudar o jogador e elevar a qualidade da defesa, também é uma marca de que o investimento de uma escolha de primeira rodada em Queen pode não ter sido a melhor opção.

Apesar disso, é inegável que seu desempenho melhorou muito e, com maior consistência, tem mostrado seu potencial. Muito disso pode estar relacionado à presença de um veterano de bom nível como Bynes ao seu lado. Isto foi algo que não teve tanto anteriormente, com LJ Fort e Malik Harrison como principais parceiros. Neste momento, Queen e Bynes estão formando uma dupla muito sólida e que ajudou a defesa dos Ravens a subir de nível. Agora, resta saber se a qualidade das atuações de Queen permanecerá no longo prazo e se ele será capaz de aprender para assumir um papel de maior destaque no futuro. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

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