Kenny Pickett pode ser a solução para um time na NFL?

by João Gabriel Gelli

Quando começou a temporada de 2021 do College, a classe de quarterbacks não era vista como uma força pensando no próximo Draft. Como tende a ser o padrão, novos nomes surgiram e se colocaram na discussão da primeira rodada. O principal deles foi Kenny Pickett.

O QB de Pittsburgh chegou para o seu quinto ano como universitário com a intenção de se provar como uma opção de bom nível para a NFL. O que se viu foi um grande desempenho, liderando o time ao título da ACC, quebrando recordes de Dan Marino e ficando em terceiro na votação do prêmio Heisman. Agora, com o olhar mais focado no Draft, a discussão passa a ser qual o seu verdadeiro patamar como jogador. Dessa forma, tentaremos responder se Pickett pode ser a solução para uma franquia na NFL.

A evolução em 2021

Para começar, será primeiro avaliar como ele se apresentava antes dessa temporada. Ele chegou em Pittsburgh em 2017, mas só virou o titular em 2018. Desde então ele comanda o ataque dos Panthers, mas com resultados mistos até esse ano.

Como um nome desconhecido para o público geral, chegou em seu quinto ano no College em 2021 pronto para liderar mais uma campanha da equipe sem grandes expectativas. No entanto, Pickett deu um salto de qualidade e explodiu em números. Ele tinha um total de 39 TDs lançados em sua carreira antes de 2021. Já nesse ano foram 42. Um crescimento estrondoso e que chamou a atenção. Sua precisão também deu sinais de melhoras, com o melhor percentual de passes completos ajustados. Além disso, manteve uma boa produção com as pernas, com bons scrambles.

O arsenal técnico

Em termos físicos, Pickett cumpre os requisitos. Tem boa altura, com ótimo peso, com composição corporal bem distribuída. Sua capacidade atlética é acima da média, o que o torna uma arma ocasional com as pernas. As mecânicas são executadas em bom nível no geral, com trabalho de pés, geração de torque e movimento de lançamento eficientes.

Kenny aproveita a boa habilidade atlética para esticar jogadas. Ele constantemente consegue improvisar e escapar do pocket para buscar novas janelas. Além disso, costuma escolher bem a hora de correr.

Seu braço é bom, porém nada especial. Consegue fazer os lançamentos com velocidade e toque adequados. Por outro lado, não tem um canhão, então terá mais dificuldades em janelas reduzidas. Sua precisão geralmente é boa, especialmente atacando o meio do campo. Contudo, ainda pode colocar os passes em melhor condição para os recebedores.

O que falta?

Embora Pickett possua uma leitura pré-snap boa, ainda faltam alguns aspectos no processamento. Depois do snap ele toma algumas decisões ruins. Tinha o hábito de atacar janelas que não existiam, com recebedores claramente marcados. Também mostrou pouco em termos de mudar jogadas na linha de scrimmage e ajudar a OL a lidar com blitzes.

Outro ponto problemático em seu jogo é a dificuldade em antecipar lançamentos. Quase sempre precisa enxergar o recebedor livre para poder começar o lançamento. Além disso, quando é colocado em movimento tem alguma dificuldade para firmar a base de forma adequada para fazer lançamentos mais precisos.

Pickett vale uma escolha de primeira rodada?

Quando se analisa a explosão de Pickett em 2021, a questão da idade merece destaque. Depois de anos sendo um QB medíocre no College, ele teve um salto impressionante nos números já com 23 anos. Isto é especialmente relevante porque deve-se considerar ser um atleta mais velho enfrentando adversários que muitas vezes nem completaram 20. Quando se fala de maturidade atlética e curva de desenvolvimento, este tempo e a experiência adquirida fazem diferença. Então fica a dúvida sobre o quanto este fator teve influência na ótima temporada de Kenny.
Além disso, deve-se mencionar que este grande ano veio acompanhado de um desempenho sensacional de seu principal WR, Jordan Addison. Ele já produzira quase 700 jardas como freshman, mas em sua segunda temporada em Pittsburgh teve 93 recepções para 1479 jardas e 17 TDs, números fantásticos. Então, também fica mais um questionamento sobre se a melhor nos números de Pickett é responsabilidade de Addison.

A verdade é que a realidade deve estar no meio do caminho. Pickett evoluiu e isto está presente no tape, com melhor colocação de bola e uma pequena evolução na antecipação, por exemplo. No entanto, também foi ajudado pela ascensão de Addison como um dos grandes playmakers no College e pela vantagem na experiência e maturidade em relação à competição.

Quando se considere a sua ótima temporada e que a classe de QBs desse próximo Draft não apresenta nomes mais confiáveis, é possível entender porque Pickett está subindo nos rankings. No entanto, o produto que apresentou em campo não indica um jogador que deve chegar na NFL e fazer a diferença. Ele promete ser um quarterback sólido, plenamente capaz de liderar um ataque eficiente, mas sem empolgar. Não parece que Kenny será o diferencial para elevar uma franquia. Contudo, é fácil de enxergar um time se desesperando e o escolhendo muito antes que deveria. Dessa forma, preparem-se para ver Pickett tendo o nome chamado na primeira rodada, mas não se empolguem demais com as perspectivas de que poderá ser o salvador da sua equipe.

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