Joe Burrow – Como o sistema faz diferença em um jogador

by Felipe Vieira

Na temporada passada, Joe Burrow ainda liderava o ataque retrógrado e conservador de LSU. Mentalmente falando, Burrow sempre pareceu ser bom jogador, mas com diversos problemas técnicos a resolver. Ainda no começo da temporada passada, Burrow teve um jogo estatisticamente falando bem pobre contra Miami com apenas 140 jardas aéreas e nenhum touchdown, mas a sua inteligência mudando chamadas na linha de scrimmage para uma corrida é uma habilidade que não sai no box score e ele fez isso com bastante frequência em 2018. Mesmo pontuando pouco, LSU saiu vitoriosa contra Miami na estreia de 2018.

Ainda em outubro de 2018, quando me perguntaram o que eu achava de Burrow, eu respondi assim:

Avançando para 2019, o ataque de LSU mudou a filosofia e passou a ser mais spread, muito diferente do smash mouth football que estávamos acostumados. O coordenador ofensivo Steve Ensminger Jr. aprendeu muito com o novo treinador de wide receivers e coordenador do jogo aéreo Joe Brady. Brady foi técnico-assistente nos Saints na temporada passada e sentiu que tinha coisas para ensinar Ensminger, mesmo tendo 31 anos a menos.

Durante a intertemporada, eu não comprei muito a ideia de LSU ter um ataque spread como foi anunciado, até porque 80% das revoluções que os treinadores e jogadores falam na intertemporada não saem do papel. Mas pra minha surpresa, tudo o que foi prometido foi entregue já na semana 1. Na estreia, já foram 5 touchdowns aéreos para Burrow, marca inédita na carreira. Por ter sido uma partida contra o modesto Georgia Southern, a empolgação de vê-lo como um prospecto real para a NFL não aconteceu e ficou mais por conta da mudança filosófica do ataque.

Até por tudo isso, o jogo de LSU-Texas era a partida que eu estava mais empolgado para ver do fim de semana e Joe Burrow não me decepcionou. De forma muito mais evoluída do que vimos em 2018, Burrow fez um jogo para se colocar de vez no radar da NFL. Com 471 jardas aéreas e 4 touchdowns, Burrow distribuiu o jogo para seus recebedores e três wide receivers tiveram mais de 100 jardas na partida, algo que nunca tinha acontecido na história do programa.

Logo no começo do jogo, já podemos ver o up-tempo offense de LSU com a transmissão não conseguindo mostrar o replay da jogada anterior. Burrow acerta uma bola vertical na hash oposta no lugar perfeito para que só o recebedor tivesse a chance de fazer a recepção e sem diminuir a velocidade.

Na jogada abaixo, temos 2 safeties no fundo e 2 wide receivers fazendo rotas post. Com isso, Burrow sabe que terá que manipular o safety da sua direita para ter uma janela maior para o lançamento. E com o ângulo que temos, dá para ver nitidamente que ele consegue fazer isso muito bem. O tempo todo ele fica olhando para a direita, até que tenha tirado o safety de posição para lançar a bola entre os dois safeties. Touchdown.

No final da partida, em uma terceira descida longa com o momentum todo de Texas, inclusive com Matthew McConaughey empolgadaço na sideline, LSU precisava da conversão para que os Longhorns não tivessem a chance de virar a partida em seguida, o que praticamente selaria a derrota de LSU. Burrow sente a pressão vindo do seu lado esquerdo, escala o pocket que está comprimido pela pressão vindo do interior também e em um passe fora de plataforma, consegue colocar a bola para o wide receiver fazer a recepção sem perder velocidade e garantir a vitória dos Tigers. Manter a cabeça levantada, sentir a pressão sem ter que olhar pra ela e lançar corretamente sem estar com a base correta são todas características que não víamos em Burrow na temporada passada.

Justin Herbert hoje é o principal quarterback senior da classe, mas Joe Burrow tem mostrado que possui talento para se colocar como o segundo senior, na frente de quarterbacks como Nate Stanley, Brian Lewerke e Shea Patterson.

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