A NFL é feita de muitas idas e vindas. Hoje a gente acha absurdo times que mais correm que passam, mas pode ser que um dia seja a nova tendência do ataque. A predisposição das equipes da NFL era defender com dois safeties no fundo do campo, a medida que a liga ia sendo levada para ataques mais voltados a passe.
Em 2010, as coisas começaram a mudar. Pete Carroll voltou a NFL depois de um bom trabalho em USC, assumiu os Seahawks e começamos a ver uma quebra do paradigma e uma defesa com single-high (apenas um safety no fundo do campo) ajudou a equipe a vencer seu único Super Bowl e produzindo a Legion Of Boom, um das melhores defesas da história.
Um único safety no fundo do campo lhe dará respostas contra a corrida – eles têm a vantagem de um jogador extra no box. Você ainda pode ter defesas de passe mais do que capazes – como Cover 1, Cover 3 spot-drop ou Cover 3 match – mas essas coberturas geralmente precisam de jogadores especiais jogando de CB e como FS, que era exatamente o que Pete Carroll tinha.
Quando uma novidade dessas traz os resultados que a defesa de Seattle apresentou, o resto da liga tenta replicar. Falcons, Chargers, Jaguars foram os primeiros a tentar implementar o esquema, por terem como técnicos oriundos dessa árvore, como Dan Quinn e Gus Bradley.
O começo da mudança
A NFL começou a sentir o efeito de um melhor jogo de quarterback em todos os níveis do jogo. Os quarterbacks estavam treinando melhor e obtendo mais repetições quando jovens, o que os levou a entrar na liga com muito mais experiência de passe do que qualquer geração anterior. A NFL se tornava ainda mais uma liga de passes.
As equipes puramente single-high arriscavam serem varridas, pois as mentes ofensivas encontravam maneiras melhores de manipular essa defesa. Sejam atacando com rota seam ou com rotas cruzadas por trás dos LBs e deixam o safety do fundo do campo em conflito.
Conhecendo as coberturas defensivas
De acordo com PFF, que mapeou a aparência defensiva em todas as jogadas de todos os jogos desde 2014, a temporada de 2020 foi a primeira vez que as defesas se alinharam com apenas um safety no fundo do campo pré-snap em menos de 50% de snaps de primeiro e segunda descida.
Ao todo, 48,6% de todos os snaps foram jogados com aquele visual MOFC (Middle Of the Field Closed, apenas um safety no fundo do campo), abaixo dos 53,9% em 2018 e 57,6% em 2019. E o importante a saber sobre esses números é quem está puxando a média abaixo de 50%.
É claro que algumas equipes jogaram uma porcentagem baixa de snaps nessa formação antes do surgimento dos Rams de 2020, mas os esquemas que se espalham pela liga são os que dominam estatisticamente. Foi o que os Rams fizeram em 2020 com o novo coordenador defensivo Brandon Staley, que hoje é head coach dos Los Angeles Chargers após apenas um ano de experiência como DC.
Staley veio da árvore de Vic Fangio em Denver e Chicago. E que se registre, os Broncos de Fangio em 2020 registraram a segunda menor taxa de MOFC pré-snap na liga. De volta a Chicago, os Bears promoveram Sean Desai como coordenador defensivo e agora ele está em Seattle onde devem implementar essa mudança. Desai trabalhou com Fangio e Staley em Chicago.