Conheça a Air Raid Offense!

by Alexandre Castro

Continuando o trabalho de entender mais a parte tática do esporte, vamos dar seguimento dessa vez do outro lado da bola. Iremos trazer aqui um dos conceitos que faz muito sucesso no college: o Air Raid Offense.

Conhecendo as coberturas defensivas

Vamos lá!

História

A influência vem muito do treinador de BYU, LaVell Edwards, que usou  vários conceitos de passes importantes durante as décadas de 1970, 1980 e 1990. Mike Leach fez referência que ele e Hal Mumme incorporaram em grande parte do ataque aéreo de BYU no que agora é conhecido como Air Raid Offense, quando assumiram Iowa Wesleyan College e Valdosta State University, respectivamente.

Alguns dos conceitos, como shallow cross, foram incorporados sendo derivados da West Coast Offense (quem sabe mais a frente teremos texto a respeito) durante o início dos anos 1990, com destaque para Mike Shanahan [o pai do Kyle que é HC dos 49ers] enquanto ele era o técnico do Denver Broncos [Maior franquia do mundo depois de Seattle/fazendo média para garantir o emprego].

Mike Leach ficou como o mais conhecido difusor da palavra do Air Raid. Ele foi para Kentucky, e depois para Oklahoma no fim da década de 90. Depois disso assumiu Texas Tech onde criou o discípulo, Kliff Kingsbury que chegou a ser QB em Texas Tech, e hoje é o técnico do Arizona Cardinals. Passou mais recentemente por Washington State (a segunda maior, depois da grande Washington Huskies) e agora é técnico de Mississippi State.

Conceito

O esquema é focado quase que inteiramente em passes (mais de 70%). Inclusive às vezes corridas são substituídas por passes curtos para os RBs. Max Borghi teve 1414 jardas de scrimmage na temporada 2019. Por esse foco em passes, times que jogam nesse esquema tem seu QB com capacidade de mudar jogadas em campo, tendo muito dos seus números inflados. Exemplos recentes foram Gardner Minshew e Anthony Gordon, que em apenas um ano jogando, teve mais tentativas de passe do que Tua Tagovailoa na carreira.

O QB estará em shotgun (quando ele fica posicionado mais atrás do center) e o ataque fica em formação Spread (Spread Offense é um assunto para outro dia), com muitos recebedores e ficando em posição mais espalhada. Isso tem como objetivo esticar as defesas horizontalmente.

Sendo derivado da West Coast, existem semelhanças e diferenças. Na West Coast Offense o objetivo é abrir espaços e não ter muitos defensores próximos do passe, ou seja, fogem de onde há marcadores. Na Air Raid busca-se criar tráfego de defensores no campo para se beneficiar disso, fazendo com que os defensores se entrelacem e os recebedores consigam separação.

Melhor Encaixe

O ataque Air Raid normalmente terá quatro wide receivers em campo ao mesmo tempo em cada jogada. Portanto, uma equipe que deseja executar este ataque deve ter um jogadores qualificados nesta posição.

Além disso, será necessário um QB preciso e com braço forte. Com o ataque sendo desenhado para muitos passes, é óbvio que você precisa de alguém que acerte.

No grupo de RBs, você precisará de jogadores elusivos, rápidos e que recebam bem passes. Como a formação quase nunca tem TEs em campo, ele vai precisar achar suas jardas quando o espaço for aberto pelos 5 jogadores da OL.

A linha ofensiva tem que priorizar jogadores mais velozes do que fortes. Eles normalmente não não vão precisar se impor fisicamente para criar jardas corridas, mas precisarão ser ágeis para fazer o slide e dar tempo a seu QB.

Formação

Linha Ofensiva – Em um ataque convencional, os OLs ficam bem próximos um dos outros, mas no Air Raid, os OLs ficam separados por uma distância maior. Enquanto em teoria isso permite raias de blitz mais fáceis, ele força os jogadores da linha defensiva a percorrem um caminho maior para chegar ao quarterback. Os passes rápidos e curtos “impedem” a possibilidade de Blitz . Outra vantagem é que, ao forçar a linha defensiva a se alargar, ele abre linhas de passe maiores para o QB lançar a bola com menos chance de ter seu passe desviado na linha.

X Wide Receiver – Será o split end que alinhará na linha scrimmage.

Flanker – Alinhará entre o recebedor X e a linha ofensiva. Normalmente fica duas jardas atrás da linha de scrimmage.

Z Wide Receiver – É o espelho do recebedor X, ficando na outra ponta do ataque. Também fica normalmente duas jardas atrás da linha de scrimmage.

Y Wide Receiver – O espelho do Flanker, fica entre a linha ofensiva e o recebedor Z. Seu posicionamento é na linha de scrimmage.

Quarterback – Em shotgun, 5 jardas atrás do center.

H-Back – Vai se alinhar duas jardas ao lado do QB.

Exemplos de Jogadas do Conceito

Mesh

A jogada mais conhecida do conceito. O Mesh serve muito bem para atacar marcação individual. A base consiste em duas rotas shallow partindo de lados opostos. A ideia é que quando os jogadores se cruzem os defensores se esbarrem e criem espaço ou tenham que correr uma distância maior para acompanhar. É fundamental a sincronia entre os recebedores para que se cruzem no momento certo para que a defesa não se aproveite.

As outras rotas são complementares. A flat do RB normalmente funciona como passe de segurança em situações de blitz. As rotas do X e do Z servem muitas vezes como option, em que os recebedores leem o que a defesa e a post pode se transformar em corner e vice-versa.

Y Cross

O recebedor Z vai em uma rota option mais uma vez, desta feita terá que decidir entre a Go e a Post. O X corre uma dig e ela pode ser mais longa ou mais curta dependendo da reação da defesa, assim que achar uma zona livre naquela área do campo.

O RB pode ficar na proteção ou ser enviado novamente em flat para ser mais uma vez passe de segurança. A rota cross do Y vai tentar atacar as costas dos linebackers. A rota do H pode se aproveitar do espaço criado pelo recebedor Z que está atacando o fundo do campo e pode deixar aquela área vaga.

Vem ser feliz aqui fora!

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