Como foi a estreia de Joe Burrow?

by Alexandre Castro

A NFL voltou nesse último final de semana para o delírio dos fãs. Dentro de toda a expectativa, temos a espera do cara que “saiu do nada” e se tornou a escolha número 1 geral do último draft, Joe Burrow. Infelizmente ele saiu derrotado por um field goal, mas no texto de hoje vamos olhar isso de uma forma mais geral do que apenas os números.

O Contexto

Nos dois últimos drafts, o time tentou montar algo ao redor do seu QB. Ano passado a primeira escolha do time foi Jonah Williams, além dele, Michael Jordan e Hakeem Adeniji foram trazidos para tentar proteger o QB, sem contar com Billy Price, primeira escolha de 2018, que nem está mais no time titular. Como armas no ataque, o time trouxe Tee Higgins e manteve o All-Pro A.J. Green, além de ter Tyler Boyd para dar um bom arsenal para seu signal caller.

Entretanto, algo que Burrow não teve foi tranquilidade no pocket. Ele foi atormentado snap pós snap pela linha defensiva dos Chargers. Claro que eram bons adversários, mas Bosa, Ingram e Tillery tiveram facilidade para dar pouco tempo para o QB pensar, ou ao menos, deixarem ele numa situação descontável.

Ademais, o time renovou com Joe Mixon por uma boa grana (~12M anuais), jogador que casa bem com o esquema Zac Taylor. O técnico da “árvore” de Sean McVay, que fez um baita trabalho com Goff nos Rams, se baseia em corridas de wide zone, para vender o play action e um conjunto de passes curtos.

Os números

Como assim cara? Você começa o texto falando que os números não importam e aqui vem apresentar eles? Calma pequeno gafanhoto, apesar dos números não serem tudo, servem como uma base do que Burrow apresentou.

O calouro terminou o primeiro tempo com 9 de 14 para 5 jardas e sofrendo 3 sacks e o jogo 7-0 para os Bengals. Além disso, conseguiu em 3 corridas 27 jardas e 1 touchdown. Terminou a partida com 23 de 36 para 193 jardas, 1 interceptação e 8 corridas para 46 jardas junto com o TD que citamos acima. Tudo isso deu a ele um rating de 66.1, sendo assim, não foi das melhores estreias.

Onde Burrow acertou?

Em alguns momentos ele trabalhou muito bem, sendo bem seguro e conservador. Procurou bastante o alvo sólido, Green (9 alvos), que inclusive foi seu primeiro passe num esquema de RPO.

Outra coisa que ele fez bem, foi tentar conseguir jardas com as pernas. Essa é uma boa característica do QB, e bem diferente do seu predecessor, Andy Dalton, o time pode pensar em jogadas para se aproveitar disso. Inclusive, o TD dos Bengals foi dessa forma e em alguns momentos o time chamou novamente essa jogada.

O lance em questão, é o QB draw, uma jogada em que o ataque finge que vai passar a bola, mas, na verdade é uma corrida e aqui no caso, o QB que irá correr com a  bola. Isso casou perfeitamente com o fato da pressão dos Chargers estar vindo bastante pelas pontas, os gaps A ficaram abertos e Burrow fez a leitura de forma correta. Minha única ressalva foi a falta de paciência/timing dele com o center, tanto no lance do TD como em outros durante o jogo, ele quase “atropelou” seu OL, a sintonia não estava das melhores.

O que faltou para Burrow?

Uma das minhas características preferidas de Burrow vindo do college era sua presença de pocket. E como isso fez falta no jogo de hoje! Se movimentou mal, não conseguiu lançar em movimento, tudo que fez ele se destacar tanto e sair do desconhecido para #1 ficou deixado de lado nesse jogo.

Ele arriscou pouquíssimos passes longos. Você pode atribuir isso como conservadorismo, mas em certo ponto, foi até exagerado. Teve um drop do John Ross que não fica na conta do QB, contudo, nas poucas vezes que faltou acurácia para ele.

Além da falta de acurácia, as tomadas de decisão dele, não foram das melhores. Ele parecia ainda estar com sua cabeça em LSU, onde podia segurar a bola um pouco mais e conseguir aquela jogada fantástica. Na NFL a conversa é outra, o nível é bem mais acima e Burrow sentiu bastante isso. Além dessa interceptação bisonha, ele lançou um passe para trás que quase foi fumble.

Adicionando a esses fatores, faltou comando e calma. Com 6:22 faltando para o fim do jogo, o time dos Bengals já não tinham mais timeouts.

Veredito

O chefinho lançou a braba já, o jogo não foi bom. Talvez se a investida final de Burrow tivesse resultado numa virada, a história fosse outra e ficaria mais “fácil” esquecer alguns erros que levantamos aqui. Apesar de o novato não ter o melhor talento do mundo ao seu redor, ele pareceu sentir BASTANTE a mudança de nível de college para NFL. Vamos aguardar os próximos capítulos de sua evolução.

Quando eu digo que acabou, acabou! 

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