Felipe Vieira
Felipe Vieira
Editor-chefe do Panthers Brasil, editor de vídeo do Draft Breakdown e ex-aluno do Scouting Academy. Apaixonado por scouting, tem o dia do Draft como o melhor dia do ano. Twitter: @lipevieira
Nós sabemos que os scouts possuem uma vontade gigante de encontrar o próximo grande jogador, principalmente quando não há uma unanimidade. Gostar Nick Bosas e Ed Olivers não é particularmente algo muito complicado de se fazer, visto que até mesmo os fãs mais casuais de futebol americano conseguiriam perceber a diferença de nível entre eles e os outros jogadores em campo.
E em uma classe de quarterbacks fraca, todos querem descobrir um grande nome na posição para poder ter os seus dias de glória quando o jogador começar a jogar bem na NFL. Esse ano, nós temos vários quarterbacks desse tipo. Brett Rypien é um deles. Alguns analistas o veem como um talento de primeira rodada, enquanto outros, inclusive eu simplesmente… nem próximo disso.
Hoje começam os bowls realmente relevantes e que possuem grandes prospectos com Boise State abrindo o dia contra Boston College às 16h30. Rypien terá a sua última chance de me mostrar que eu estou errado na minha avaliação. Lógico que não mudarei ele para primeira rodada nem se ele lançar para 700 jardas e 7 touchdowns, mas a última impressão será bem melhor. E como diria o Chapolin: a última impressão é a que fica! Ou mais ou menos isso.
O meu maior problema com Rypien é a sua presença dentro do pocket. Repara na jogada abaixo como a sua precisão é afetada quando ele sente a pressão vindo pelo meio e é quase interceptado.
— On The Clock (@OnTheClockBR) December 26, 2018
E uma das coisas que gosto de analisar em um quarterback é como ele reage após uma jogada ruim. Os grandes jogadores não se abatem com isso e na jogada seguinte conseguem se superar. Não é o caso de Rypien. Na próxima jogada em uma terceira pra quatro ele erra um passe fácil no flat e obriga o ataque a sair de campo.
— On The Clock (@OnTheClockBR) December 26, 2018
Pressão chegando e novamente o passe flutua demais e sai incompleto.
— On The Clock (@OnTheClockBR) December 26, 2018
Como podem ver, Rypien possui um problema sério ao enfrentar a pressão e sua falta de entendimento de como a pressão está vindo e como escapar dela. Na última jogada, Rypien não sente a pressão no tempo certo e quando tenta escapar já é tarde demais. Um quarterback com uma boa presença de pocket teria escalado o pocket um segundo antes e o blitzer provavelmente teria passado direto.
— On The Clock (@OnTheClockBR) December 26, 2018
Por isso, quando forem assistir a Boise State contra Boston College lembrem de reparar nessa característica de Rypien, porque hoje é o que mais atrapalha o seu jogo. Rypien não foi convidado para o Senior Bowl e muitos analistas reclamaram da falta do convite, tanto é que ele confirmou a ida para o Shrine Game (um senior bowl de menor expressão). Se ele quiser subir de nível e jogar o principal all star game, ele terá que mostrar evolução hoje e no Shrine Game. A pressão está vindo Rypien, como você reagirá dessa vez?
Kyler Murray agregou mais um prêmio que poucos jogadores do college tem o prazer de ter em sua estante: o troféu Heisman. Ao iniciar a temporada, era quase uma certeza que Murray seria jogador de beisebol, visto que foi escolhido no Draft da MLB na nona escolha geral pelo Oakland Athletics e assinou um contrato que o garantiu 4 milhões de dólares de bônus e o restante do contrato é completamente garantido. Valor maior que algumas escolhas de primeira rodada da NFL.
Com dinheiro nas mãos e um esporte que exige muito menos da saúde do seu corpo, Murray tinha uma decisão relativamente fácil para tomar. Porém, aconteceu 2018. Murray jogou muito bem, carregou Oklahoma para os playoffs e venceu o prêmio de jogador mais fantástico da temporada. Murray parece realmente gostar mais de futebol americano do que de beisebol, o que acaba colocando um complicador em uma fórmula que era para ser simples. Além do mais, nós sabemos que a NFL é muito mais popular que a MLB e a vida de um quarterback na NFL é muito mais glamourosa do que um outfielder na MLB. Mas vamos pensar caso ele consiga vencer Alabama nos playoffs e se declare para o draft da NFL. Em que rodada Kyler Murray poderia ser selecionado?
O primeiro problema do Murray com a NFL é a sua altura. Novamente, diversos times desvalorizarão Murray por ter apenas 5’11”, uma altura comparável com Drew Brees e Russell Wilson. Eu sei, deve ser horrível essas comparações né? Os dois jogadores mal tiveram algum sucesso na NFL por causa das suas estaturas baixas. #sarcasmo
O segundo maior “problema” que Murray enfrentará no seu processo do Draft é a forma como Murray joga. Seu atleticismo é muito parecido com o de Lamar Jackson e nós vimos como foi duro o processo para Lamar.
Partindo para os problemas reais, Murray ainda possui problemas dentro do pocket. Sai do pocket com mais frequência do que o necessário e joga em um ataque simplificado demais que facilita muito para produzir o tanto de estatísticas que produziu. Mas a verdade é que a NFL também está indo para esse caminho, então cada vez menos isso é importante.
Murray enfrentará o seu maior teste da carreira no começo do ano contra Alabama. Uma vitória e uma partida bem jogada pode ser o suficiente para ele se deslumbrar com a possibilidade de fazer o mesmo na NFL. Para uma classe fraca de quarterbacks, isso pode ser mais do que o suficiente para ser uma escolha de primeira rodada em 2019.