Felipe Vieira
Felipe Vieira
Editor-chefe do Panthers Brasil, editor de vídeo do Draft Breakdown e ex-aluno do Scouting Academy. Apaixonado por scouting, tem o dia do Draft como o melhor dia do ano. Twitter: @lipevieira
O processo do Draft é bastante volátil. Uma partida ruim contra uma universidade grande e o stock do prospecto cai. Um Combine espetacular o coloca entre os principais prospectos da classe. Todos anos nós temos jogadores que eram visto como possíveis escolhas altas e conforme a temporada vai passando, o jogador vai caindo no esquecimento. Nessa temporada já temos alguns que caíram de top-10 para top-30 e prospectos vistos como primeira rodada que quando chegarmos em Abril ninguém o veja como uma escolha top-100. Não será o caso com todos os jogadores que separei neste artigo, mas nenhum tem correspondido às verdadeiras expectativas.
Cornerback Paulson Adebo – Stanford
A posição de CB1 ainda está bastante aberta. Nenhum dos jogadores agarrou e tem jogado como um digno shutdown corner nesse momento. Adebo era um dos candidatos e vinha jogando muito bem, até que… Gabriel Davis apareceu. Davis é o wide receiver de UCF e não só deu problemas para Adebo em uma jogada ou outra. Davis destruiu com Adebo durante a partida inteira. Veja abaixo algumas jogadas compiladas da partida.
UCF WR Gabriel Davis (6’3 212 JR) made some $ in his Stanford film vs Paulson Adebo. Moves really well for size & exposed some technical flaws in Adebo. Needs to clean up patterns, but he’s had a strong ‘19 pic.twitter.com/9GRwm3hbwg
— Mark Dulgerian (@MarkDulgerianOS) September 25, 2019
Cornerback Bryce Hall – Virginia
Quanto mais eu penso, mais eu acredito que Bryce Hall tomou a decisão errada em retornar para o seu ano de senior em Virginia. Hall que liderou o país em passes desviados na temporada passada, certamente pensou que caso retornasse para mais um ano, teria a chance de se tornar o CB1 da classe de 2020, mas não é isso que tem acontecido até aqui. Não significa que Hall tem jogado mal, mas tem jogado abaixo da temporada passada e pra quem queria aumentar o seu draft stock, isso não é o ideal. Hall ainda tem performado a ponto de ser escolhido no dia 2, mas se ele soubesse o que aconteceria nessa temporada, provavelmente teria se declarado e garantido um ano extra ganhando dinheiro.
Linebacker Paddy Fisher – Northwestern
Antes de começar a temporada passada, Paddy Fisher chegou a ser o meu LB2 da classe. Obviamente, Fisher acabou não se declarando e retornou para Northwestern. A minha decepção com Fisher é que ele não tem mostrado motivos para ter retornado pois não tem conseguido evoluir, especialmente no jogo aéreo. No último jogo contra Michigan State, Fisher foi explorado em diversos momentos pelo quarterback Brian Lewerke.
Quarterback Jordan Love – Utah State
Love era visto como um dos principais quarterbacks fora a dupla Tua-Herbert. Até aqui, Love tem jogado razoavelmente bem, mas isso não é o suficiente para quem joga em uma conferência mais fraca. Até o momento, Love tem apenas 4 touchdowns e 3 interceptações nas 3 partidas que jogou. Love entrou para a temporada com o objetivo de mostrar que poderia evoluir principalmente em suas leituras pré-snap, mas ainda não conseguiu mostrar isso. Com Jake Fromm, Joe Burrow, Jalen Hurts e até Jacob Eason jogando bem, o sonho de ser uma escolha de final de primeira rodada começa a se distanciar.
Wide receiver Collin Johnson – Texas
Johnson flertou com a possibilidade de se declarar na temporada passada e por causa disso, nós já tivemos alguns debates sobre o WR de Texas. Durante o processo do Draft passado, Collin Johnson era visto por nós como uma possível escolha de começo do dia 3, mas quando ele não se declarou e o processo para o Draft de 2020, Johnson estava sendo colocado como possível primeira rodada. O hype era inexplicável e estava curioso para que a temporada começasse para ver se tínhamos avaliado errado o jogador. Até agora, foram apenas 102 jardas, 1 touchdown na temporada e a carruagem virou abóbora. Johnson não nos decepcionou porque não esperávamos muito dele, mas certamente alguns analistas não estão satisfeitos com a temporada do jogador até aqui.
Na temporada passada, Joe Burrow ainda liderava o ataque retrógrado e conservador de LSU. Mentalmente falando, Burrow sempre pareceu ser bom jogador, mas com diversos problemas técnicos a resolver. Ainda no começo da temporada passada, Burrow teve um jogo estatisticamente falando bem pobre contra Miami com apenas 140 jardas aéreas e nenhum touchdown, mas a sua inteligência mudando chamadas na linha de scrimmage para uma corrida é uma habilidade que não sai no box score e ele fez isso com bastante frequência em 2018. Mesmo pontuando pouco, LSU saiu vitoriosa contra Miami na estreia de 2018.
Burrow tá destruindo mentalmente essa defesa de miami
— Felipe Vieira (@lipevieira) September 3, 2018
Ainda em outubro de 2018, quando me perguntaram o que eu achava de Burrow, eu respondi assim:
jogador inteligente pré-snap mas falta mto pra ser um quarterback para a nfl. Pode ser um treinador, mas jogador acho difícil
— Felipe Vieira (@lipevieira) October 16, 2018
Avançando para 2019, o ataque de LSU mudou a filosofia e passou a ser mais spread, muito diferente do smash mouth football que estávamos acostumados. O coordenador ofensivo Steve Ensminger Jr. aprendeu muito com o novo treinador de wide receivers e coordenador do jogo aéreo Joe Brady. Brady foi técnico-assistente nos Saints na temporada passada e sentiu que tinha coisas para ensinar Ensminger, mesmo tendo 31 anos a menos.
Durante a intertemporada, eu não comprei muito a ideia de LSU ter um ataque spread como foi anunciado, até porque 80% das revoluções que os treinadores e jogadores falam na intertemporada não saem do papel. Mas pra minha surpresa, tudo o que foi prometido foi entregue já na semana 1. Na estreia, já foram 5 touchdowns aéreos para Burrow, marca inédita na carreira. Por ter sido uma partida contra o modesto Georgia Southern, a empolgação de vê-lo como um prospecto real para a NFL não aconteceu e ficou mais por conta da mudança filosófica do ataque.
imagem da semana pra mim é o Burrow querendo que o árbitro deixe soltar o snap rapidamente.
Como as coisas mudaram em LSU. pic.twitter.com/FIxsy2Fftc
— Felipe Vieira (@lipevieira) September 5, 2019
Até por tudo isso, o jogo de LSU-Texas era a partida que eu estava mais empolgado para ver do fim de semana e Joe Burrow não me decepcionou. De forma muito mais evoluída do que vimos em 2018, Burrow fez um jogo para se colocar de vez no radar da NFL. Com 471 jardas aéreas e 4 touchdowns, Burrow distribuiu o jogo para seus recebedores e três wide receivers tiveram mais de 100 jardas na partida, algo que nunca tinha acontecido na história do programa.
Logo no começo do jogo, já podemos ver o up-tempo offense de LSU com a transmissão não conseguindo mostrar o replay da jogada anterior. Burrow acerta uma bola vertical na hash oposta no lugar perfeito para que só o recebedor tivesse a chance de fazer a recepção e sem diminuir a velocidade.
— ALL22_OTC (@All22O) September 10, 2019
Na jogada abaixo, temos 2 safeties no fundo e 2 wide receivers fazendo rotas post. Com isso, Burrow sabe que terá que manipular o safety da sua direita para ter uma janela maior para o lançamento. E com o ângulo que temos, dá para ver nitidamente que ele consegue fazer isso muito bem. O tempo todo ele fica olhando para a direita, até que tenha tirado o safety de posição para lançar a bola entre os dois safeties. Touchdown.
— ALL22_OTC (@All22O) September 10, 2019
No final da partida, em uma terceira descida longa com o momentum todo de Texas, inclusive com Matthew McConaughey empolgadaço na sideline, LSU precisava da conversão para que os Longhorns não tivessem a chance de virar a partida em seguida, o que praticamente selaria a derrota de LSU. Burrow sente a pressão vindo do seu lado esquerdo, escala o pocket que está comprimido pela pressão vindo do interior também e em um passe fora de plataforma, consegue colocar a bola para o wide receiver fazer a recepção sem perder velocidade e garantir a vitória dos Tigers. Manter a cabeça levantada, sentir a pressão sem ter que olhar pra ela e lançar corretamente sem estar com a base correta são todas características que não víamos em Burrow na temporada passada.
— ALL22_OTC (@All22O) September 10, 2019
Justin Herbert hoje é o principal quarterback senior da classe, mas Joe Burrow tem mostrado que possui talento para se colocar como o segundo senior, na frente de quarterbacks como Nate Stanley, Brian Lewerke e Shea Patterson.
The pick is in! Felipe Vieira(@lipevieira) e Deivis Chiodini(@deivischiodini) debatem sobre os jogos do College da semana 2 e a primeira semana da NFL.
Duração: 44 minutos
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