Felipe Vieira
Felipe Vieira
Editor-chefe do Panthers Brasil, editor de vídeo do Draft Breakdown e ex-aluno do Scouting Academy. Apaixonado por scouting, tem o dia do Draft como o melhor dia do ano. Twitter: @lipevieira
Tyler Johnson é um wide receiver senior da universidade de Minnesota e provavelmente deverá participar do Senior Bowl (caso aceite o convite) e provavelmente o melhor senior da sua posição. O hype em cima dele durante a pré-temporada era bem alto, mas a produção (626 jardas e 7 touchdowns) tem deixado um pouco a desejar para o que era esperado. O companheiro de time, Rashod Bateman que ainda é um sophomore tem produção semelhante com 644 jardas e 6 touchdowns. Mesmo assim, ainda tenho muita confiança que Tyler Johnson se tornará um bom profissional na NFL.
Essa confiança se passa principalmente pela sua habilidade de correr rotas e como ele me lembra o novato Terry McLaurin nesse quesito. Johnson não possui um super-atleticismo, mas ele sabe como vencer no release na linha de scrimmage e tirar o leverage do cornerback durante a sua rota. Para começar, a primeira jogada que separei é um exemplo do seu release. Parece uma jogada simples com um slant, mas graças a sua execução do release. É por isso que é tão importante debatermos o mito de “wide receiver de red zone” ser aquele wide com 6’5″ de altura que vai conseguir conquistar a bola contestada no ponto alto. Claro que isso é ótimo, mas para ser uma ótima arma de redzone, o ideal é vencer o cornerback no release, como acontece abaixo.
— ALL22_OTC (@All22O) November 4, 2019
Ainda sobre a jogada, Johnson ameaça verticalmente pelo lado de fora, o que induz o cornerback a abrir o quadril para defender aquela área, a partir desse momento, Johnson explora as costas do cornerback e consegue um release limpo, suficiente para criar separação para o touchdown. Isso é algo que Johnson frequentemente conseguiu repetir com sucesso.
— ALL22_OTC (@All22O) November 4, 2019
A maioria dos seus touchdowns vieram de dentro da redzone e quase todos de forma parecida: vencendo no release e matando o leverage do cornerback. A partir disso, é só desenvolver o restante da rota e fazer a recepção. É um jogador que já mostra uma paciência de veterano para fazer o seu movimento rápido com ótimo uso das mãos para combater o press coverage.
— ALL22_OTC (@All22O) November 4, 2019
Porém, ele ainda tem uma trait muito importante para evoluir para ser um jogador de primeira rodada: as mãos. Johnson tem uma taxa muito alta de drops dos dois tipos: erro de técnica e erro de concentração também. Note como as mãos dele não estão próximas o suficiente e não estão paralelas a linha de scrimmage em um lançamento que deveriam estar.
— ALL22_OTC (@All22O) November 4, 2019
Já o segundo drop é mais por uma questão de concentração por já estar pensando no que faria depois da recepção e por isso, suas mãos estão moles e tira os olhos da bola.
— ALL22_OTC (@All22O) November 4, 2019
Johnson possui 17 drops nos últimos dois anos (sem contar essa temporada) e isso não parece estar melhorando nesta temporada, então certamente atrapalhará bastante o seu draft stock. Apesar de achar que é uma trait possível evoluir durante os anos, a falta de melhora preocupa. Algum time pode ter confiança em trabalhar isso ou simplesmente aceitar essa falha dele como jogador, já que há tantas outras vantagens.
— ALL22_OTC (@All22O) November 4, 2019
Obviamente você já ouviu falar de Bryce Hall, cornerback de Virginia, porém hoje vamos conhecê-lo mais a fundo. Hall é um senior que já está fora da temporada depois de uma lesão no joelho, então, haverá poucas mudanças no seu draft stock daqui até o final do processo, a não ser que ele consiga participar do Combine. Na temporada passada, Hall estava sendo cotado como um dos principais cornerbacks da classe, estando no top-5 da posição em praticamente todas as boards, mas por algum motivo resolveu retornar para seu último ano em Virginia. Em 2018, Hall liderou o país em passes desviados, mostrando que a habilidade de ball skills sempre esteve presente no seu jogo.
Com o surpreendente retorno, esperava ver uma evolução do seu jogo para essa temporada, mas eu criei falsas expectativas em relação a Hall e me decepcionei. Tudo isso porque o atleticismo de Bryce Hall é o elo mais fraco do seu jogo e isso é algo quase inerente e difícil de evoluir muito mais do que já apresentou em 2018. Para exemplificar o que eu quero dizer, repare no vídeo abaixo. Hall obviamente está em uma posição ruim, mas desde o momento que ele faz a transição de quadril, ele não consegue fechar a diferença entre ele e o ball carrier, ao contrário, a distância entre os dois aumenta em pouco tempo. E do outro lado, não é como se fosse um jogador conhecido pelo atleticismo, então realmente é um ponto preocupante para Bryce Hall.
— ALL22_OTC (@All22O) October 23, 2019
Por causa do seu tamanho (6’1″ de altura), muitos o etiquetaram como um jogador para jogar em homem a homem, mas a verdade é que por causa da falta do atleticismo, isso pode ser um problema. Não que ele não tenha capacidade de marcar, mas ele vence de outras maneiras, principalmente técnicas. Hall é um jogador muito inteligente que sabe aproveitar o seu leverage e com ótimos instintos. Na jogada abaixo, ele consegue ler o wide receiver e o quarterback e quebra na bola para fazer a jogada com uma naturalidade incrível. Graças a essa técnica evoluída que Hall conseguiu liderar o país em desviados.
— ALL22_OTC (@All22O) October 23, 2019
Ainda contra Daniel Jones, Hall novamente mostra que sabe aproveitar toda a sua envergadura, a agressividade durante a rota (terá que ser um pouco menos para não ser marcado faltas na NFL) e a capacidade de localizar a bola transformar em turnover.
— ALL22_OTC (@All22O) October 24, 2019
A sua capacidade de identificar quebras de rota e reagir instantaneamente e utilizar toda a sua envergadura certamente são características que fazem ele ser tão bom quanto é. Isso é maravilhoso.
Bryce Hall doing Bryce Hall things. His nation-leading 21st PBU of the season. pic.twitter.com/dpQuWhnsz8
— Joe Marino (@TheJoeMarino) December 29, 2018
Hall pode ser um jogador longilíneo e agressivo, características claras de um cornerback que trabalha melhor em man coverage, mas o melhor esquema para ser utilizado é em um sistema em zona. Deixe-o ler os olhos do quarterback e reagir. Em um sistema focado em cover-3, Hall pode ser um dos melhores cornerbacks da NFL. Se jogar em um sistema diferente, pode ser apenas mais um.
Em uma das performances mais dominantes de um cornerback na temporada passada, Hall causou problemas para Duke – e Daniel Jones -, em todos os aspectos possíveis do jogo. Aqui, mesmo sem ter a velocidade que eu tanto falei, Hall consegue tirar todo o leverage do recebedor, localizar bem a bola e fazer uma interceptação que parece fácil, mas só foi fácil por causa de toda a preparação que chegou nesse ponto. Logicamente, Daniel Jones também não se ajuda ao fazer este tipo de lançamento.
— ALL22_OTC (@All22O) October 24, 2019
Hoje, a esperança é ver Bryce Hall retornando saudável para o Combine para que consigamos entender melhor o nível do seu atleticismo porque isso será fundamental para descobrirmos se ele é realmente um jogador de primeira rodada ou apenas dia 2. Por sorte, os rumores é que ele conseguirá participar normalmente de todo o processo pré-Draft.
Peço a licença de Deivis Chiodini para invadir a sua coluna semanal dessa vez e comentar os grandes destaques da semana 6 do College Football. Sendo bem sincero, foi mais uma semana bem parada em relação a jogos competitivos entre times realmente relevantes, mas isso finalmente está acabando e daqui pro final do calendário tende a ficar bem mais equilibrado, já começando por essa semana.
Provavelmente o maior destaque da semana ficou com o running back Jonathan Taylor mais uma vez. Já são 16 touchdowns para o produto de Wisconsin em apenas 5 partidas jogadas, empatando com o número da temporada passada e que tinha sido a sua melhor marca da carreira. Taylor tem respondido todas as dúvidas possíveis para os scouts e ao meu ver tem conseguido se separar como o RB1 da classe, algo que eu considerava difícil de se fazer nesta classe. Na semana 6, foram 5 touchdowns contra Kent State e ainda descansou a partir do final do terceiro período. Um dos touchdowns que chamaram atenção foi no início do segundo tempo, Taylor mostrou toda a sua habilidade de ser um corredor norte/sul e fazer apenas cortes necessários, algo que muitos running backs no college tem dificuldade e acabam demorando a se adaptar para a NFL.
— ALL22_OTC (@All22O) October 9, 2019
Um jogador que se colocou no meu radar foi o linebacker Jordyn Brooks de Texas Tech. Brooks já é um senior e confesso nunca ter me importado muito com o jogador até sábado. porém depois da performance pornográfica que ele teve, esse erro não acontecerá mais. Foram 19 tackles, 4 tackles for loss, 3 sacks e 1 fumble forçado. Certamente sem Brooks, Texas Tech não teria sido capaz de vencer o favorito Oklahoma State. O que é mais impressionante é que mesmo assim, o running back Chuba Hubbard ainda eve 156 jardas e 3 touchdowns na partida. Às vezes é necessário mais de um para parar um grande jogador. Todos os três sacks de Brooks vieram em momentos importantes da partida ou em terceira descida. Além disso, ele ainda foi o responsável por parar uma conversão de 2 pontos na goal line. De vez em quando, alguns bons defensores aparecem na Big 12. O radar está ligado para saber se não foi apenas a partida da vida de Brooks ou se tem mais para entregar.
Outro jogador que tem se destacado semana após semana é o edge rusher Kwity Paye de Michigan. Paye é um junior que tem 7,5 tackles for loss e 4,5 sacks na temporada. Na partida contra Iowa, seu melhor jogo. Foram 2,5 sacks e 2,5 tackles for loss. Um desses sacks mostrou uma técnica evoluída de Paye. Paye utiliza o seu club/rip move e mostra bom atleticismo ao conseguir finalizar a jogada.
— ALL22_OTC (@All22O) October 9, 2019
Paulson Adebo está em uma montanha-russa nessa temporada. O ponto baixo certamente foi quando ele foi queimado repetidamente pelo wide receiver Gabriel Davis de UCF, mas essa semana ele está no ponto alto. Contra o forte ataque de Washington, Adebo conseguiu ser um shutdown corner que se espera dele. Mesmo contra um bom quarterback como é o Jacob Eason e bons jogadores no grupo de wide receivers (apesar de Adebo não ter ido contra Aaron Fuller com frequência na partida), Adebo mostrou o talento que muitos acreditavam que ele tinha ao ser projetado como primeira rodada.
Defense was key in @StanfordFball’s upset over UW, and Paulson Adebo led the way.
The Card CB matched career high with four pass breakups and added five tackles, earning #Pac12FB Defensive Player of the Week: https://t.co/POtfcBtDKW pic.twitter.com/oKG2DEAHyH
— Pac-12 Network (@Pac12Network) October 7, 2019
Um dos meus candidatos a “filhos do Draft” dessa classe é o wide receiver Gabriel Davis e com UCF jogando na sexta-feira, foi a primeira vez que acompanhei ao vivo prestando atenção exclusivamente nele. Bem, apesar do quarterback ruim jogando que estava totalmente impreciso (como pode ser visto abaixo), ele não me decepcionou.
— ALL22_OTC (@All22O) October 10, 2019
Foram 170 jardas e 13 recepções e alguns indicativos de que ele pode ser uma escolha top-100 no próximo Draft. Uma das melhores qualidades de um wide receiver não é a velocidade que ele consegue correr, mas sim a velocidade que ele consegue parar. Apesar de Davis ter 6’3″ de altura, ele consegue parar a sua aceleração e mudar de direção com boa velocidade. Ainda há alguns pontos que ele poderia melhorar na jogada abaixo, mas a forma como ele ataca a bola voltando para agarrá-la e a aceleração/desaceleração são empolgantes.
— ALL22_OTC (@All22O) October 10, 2019