Em minha avaliação, J.K. Dobbins era o RB #1 no Draft de 2020. Sua combinação de força e velocidade é rara e traduz em números e vitórias para seu time. Em Ohio State, foram 3 anos de produção intensa, desde o início em seu ano de freshman, incluindo uma temporada de mais de 2000 jardas terrestres no ano passado!
Na maioria dos times que o draftasse esse ano, ele seria titular desde o primeiro dia de Training Camp e teria impacto imediato dentro de campo. Teria uma workload muito grande desde a semana 1 e seria uma certeza para concorrer fortemente ao prêmio de Rookie Ofensivo do Ano. Entretanto, Dobbins foi draftado pelo time com o melhor jogo corrido da NFL, e bem possivelmente, o melhor ataque da liga, possuindo o atual MVP (Lamar Jackson) e um corpo de running backs completo.
Ora, Mark Ingram liderou a equipe em corridas, mas teve apenas 202! Gus Edwards, mesmo sendo reserva de Ingram, acumulou mais de 700 jardas terrestres, em quase 150 carregadas. Justice Hill teve papel bem menor, atuando como 3rd down back em diversas oportunidades, e por fim, temos a nova face da NFL em Jackson, que registrou insanas 1206 jardas terrestres em apenas 176 carregadas.
A capacidade de Dobbins de mudar o jogo com suas big plays
Não se enganem com a aparência de “muscle hamster” do jovem running back, tampouco com suas 212 lbs ou mesmo com o fato de não ter corrido o 40 yard dash no Scouting Combine ou em seu Pro Day, a velocidade pura está lá. Ele é extremamente atlético e seu estilo de jogo mistura uma força incrível (stiff arm, jardas depois do contato, equilíbrio para resistir aos primeiros impactos) com uma velocidade objetiva e pontual. Dobbins é um running back de um corte. Sua game speed é o que lhe separa dos demais quando assistimos sua tape. Sua capacidade de, com paciência, localizar o buraco designado e explodir para o open field é algo que não era visto há muito tempo em Ohio State.
Assim, as melhores jogadas de sua carreira são todas corridas longas de 60, 70 jardas em que resistia ao primeiro contato realizado pela defesa e arrancava repentinamente em uma faixa do campo que, em um primeiro momento parecia toda coberta por defensores, mas rapidamente todos estes perdiam seus ângulos de aproximação e viam Dobbins percorrer todo o campo até alcançar a endzone. Um ótimo exemplo dessa explosividade do talentoso running back é o seu touchdown de 68 jardas contra Clemson na semifinal do College Playoffs, no qual o conhecido roteiro se repete: um defensor tem a chance de derrubá-lo, ele resiste ao contato e explode com velocidade e first step incríveis por uma faixa que se abre no campo, impedindo que qualquer DB consiga alcançá-lo.
Essa capacidade de big plays de Dobbins continuará viva, não só devido a seu talento nato, mas também devido ao esquema de jogo corrido implantado por Greg Roman em Baltimore. Com uma intensa utilização de motions e com a constante ameaça de corridas desenhadas para Jackson, esse ataque terrestre, por meio de suas outside zones, dará a Dobbins as chamadas “corridas de um corte” de que precisa para fazer estrago nas defesas adversárias.
A posição de Dobbins no depth chart dos Ravens
Como já mencionado, o ataque dos Ravens já possui muitas bocas para alimentar em seu jogo terrestre. Três jogadores tiveram no mínimo 130 carregadas. O running back titular é sem dúvidas Mark Ingram, que vem de uma temporada com mais de 1000 jardas terrestres, 5 jardas por carregada e 15 TDs e o reserva imediato é Gus Edwards. Mas mesmo assim, isso não quer dizer que Dobbins não conseguirá lutar de igual para igual por seu espaço e pelo número de reps, seja no Training Camp, seja durante a temporada.
Primeiro, Ingram já é um veterano e apesar de ter tido uma ótima primeira temporada em Baltimore, ele completará 31 anos e, como todos sabemos, já se encontra na fase final de sua carreira pelo fato de ser um running back. As lesões que sofreu durante toda sua carreira já começam a fazer a diferença e como a NFL é um negócio, a primeira chance que o front office dos Ravens tiver, se desfazerá dele.
Segundo, Dobbins simplesmente é melhor e mais talentoso que Edwards e Hill. Este só viu o campo na temporada cumprindo o papel de 3rd down back e aquele, apesar de cumprir importante papel como reserva imediato de Ingram e também um papel de “closer” no fim dos jogos, não contribui no jogo aéreo, tampouco em bloqueios.
Dobbins é completo. É o chamado three down back pois contribui em todas as facetas do ataque e pode estar em campo a todo momento. Por mais que em toda sua carreira em Ohio State, tenha acumulado apenas 71 recepções, isso se deu pelo estilo de ataque orquestrado em Columbus. Em suas poucas participações no jogo aéreo, demonstrou ótimas mãos e ótima visão para ser bem-sucedido em screens.
Por ser esse incrível talento, não é difícil de acreditar que em 2021 ele já ocupe o papel principal no backfield de Baltimore ao lado de Lamar, aterrorizando as defesas da NFL.