Daniel Silva
Daniel Silva
Goiano, torcedor apaixonado do Carolina Panthers e do meu amado Goiás Esporte Clube! Jogador de FA (tendo jogado High School Football nos EUA). Atualmente atleta do Goiânia Saints e ex coordenador defensivo dos mesmos.
Um quarterback que bateu o recorde da SEC de mais jogos seguidos com pelo menos 4 TDs lançados pode não estar no Top 5 de prospectos de QBs para o Draft do ano que vem. Esse é o nível de competição que existe nessa posição nos dias de hoje e essa é a mágica do mundo do scouting. Tal jogador se trata de Kyle Trask, o senior da Universidade da Florida. Com uma temporada absurda até agora, se encontra na corrida pelo Heisman e em posição de levar os Gators para os Playoffs.
Em 5 jogos, Trask já tem 22 TDs em 182 tentativas de passe, o que dá aproximadamente 1 TD lançado a cada 8 passes! E em seu currículo agora tem uma vitória maiúscula contra Georgia (jogo no qual para variar ele lançou 4 TDs). O senior é imponente e apresenta o tamanho ideal para a posição – 6-5, 240 – entretanto, possui facetas de seu jogo que o trazem um pouco para baixo no escopo geral de preparação para o Draft.
Algo muito curioso de se pontuar, e que para os scouts mais old school e tradicionais acaba que faz diferença, é o fato do camisa 11 não ter sido titular no high school. Foi reserva de D’Eriq King e por uma série de acontecimentos, conseguiu mostrar seu talento para o coordenador ofensivo dos Gators na época e assim, conseguiu sua bolsa. Ainda assim, chegando em Gainesville, não foi titular de primeira e novamente foi banco para outro QB, Feleipe Franks. Contudo, o futuro sempre nos reserva caminhos imprevisíveis, e hoje Trask é um QB melhor que os supracitados e é um melhor prospect para o Draft de 2021 que ambos.
Habilidade Atlética
Tem um histórico de lesões no pé, o que o tirou das temporadas de 2016 e 2017. Possui habilidade atlética interessante para seu tamanho. Não é rápido mas é ágil e tem movimentação inteligente e é muito forte. As poucas corridas desenhadas para ele, as speed options, read options, usam seu tamanho como trunfo (1.96m, 108kg). Um ótimo exemplo é o lance abaixo contra South Carolina na semana 2 (Minuto 3:53)
Precisão
Por mais que tenha um braço não tão forte, Trask possui uma excelente antecipação e lança a bola onde somente o receiver consegue pegar (executa perfeitamente back shoulder throws). Lança sempre antes do receiver sair de seu break e em um ponto onde ele é induzido a ganhar separação de seu marcador. Sua precisão é impressionante e é o carro chefe de seu jogo, já que a parte final de sua mecânica e a falta de força no passe o atrapalham no gameday.
This is exactly why Kyle Pitts and Kyle Trask are worthy of a first round pick pic.twitter.com/KWy7OpdFDf
— Ty Ri (@SMiLEY_RiLEY_15) November 7, 2020
Força no Braço
Trask não possui a mesma força no braço que os outros prospectos para o Draft do ano que vem. Sua tape não tem lançamentos espetaculares que saltam aos olhos. A bola sempre sai em uma linda espiral, mas o lançamento é sempre comum, fraco. O TD longo para Kyle Pitts na semana 1 contra Ole Miss é um dos vários exemplos em que ele foi muito accurate – como sempre – mas o TE teve que esperar a bola chegar, parando em sua rota. O senior não lançou no ponto futuro e não teve força lançar a bola no espaço livre.
Presença no Pocket
É um general dentro de campo e apresenta tranquilidade imensa dentro do pocket. Sempre com os olhos downfield se movimenta e navega no meio da pressão do pass rush sem se afobar. Seu tamanho, obviamente, o ajuda muito em tal habilidade, no entanto, essa capacidade é mental, se trata de algo mentalizado e exercitado constantemente pelo QB.
Florida QB Kyle Trask (22 TD’s through 5 games)
— Athletic enough to maneuver the pass rush
— Delivers without proper throwing base
— Ball placement on tight windows and passes to contested receivers pic.twitter.com/hBp1ViMRto— Brad Kelly (@BradKelly17) November 10, 2020
Red Flags em seu Jogo
Seus lançamentos longos tem um touch incrível, precisão grande em crossing routes e corner routes, mas não tem zip algum na bola. A junção de um braço não tão forte e uma mecânica estranha na parte final do movimento (o braço vai muito de cima para baixo) faz com que seus passes demorem para sempre para chegar no alvo, inclusive em passes curtos. A analogia que consigo fazer ao assistir seu tape é a com alguém que quer ter 100% de certeza que irá acertar determinado alvo, então lança a bola com o maior cuidado possível SEMPRE. No entanto, na NFL essa falta de velocidade no passe não será vista com bons olhos. Essa INT lançada contra Texas A&M, mas que para sua sorte não valeu, demonstra bem o narrado acima. (Minuto 2:52)
https://www.youtube.com/watch?v=kbvoC_JqtyQ
Com uma mecânica que não o permite empenhar velocidade em seus lançamentos e um braço não tão forte, não consegue compensar leituras tardias e não consegue empurrar a bola em determinadas janelas. (Minuto 12:33)
O camisa 11 também força muito a bola em alvos pré determinados. Muito inconsistente no que tange a boa progressão de leituras nas jogadas e bolas forçadas para seus playmakers. Dois lances me saltaram aos olhos: contra Texas A&M, no 2º quarto, em um play action bootleg, tinha seu RB livre no flat e que se recebesse a bola trotaria para a endzone, no entanto, forçou um passe para o outro lado do campo tentando forçar a bola no seu playmaker, Kyle Pitts, mas não teve força para fazer tal lançamento, além de que o TE estava bem marcado (mas realmente, pouquíssimos QBs fariam tal lançamento com sucesso) (Minuto 1:53); e contra Georgia, no lance da pick six de Eric Stokes.
https://www.youtube.com/watch?v=kbvoC_JqtyQ&t=176s
This is all ugly from Florida. Receiver ruins this play and Kyle Trask tries to force it anyway. Great eyes and finish from Eric Stokes. pic.twitter.com/nljEL0RnsK
— Bobby Football (@RobPaulNFL) November 7, 2020
Após um início de 0-2 na temporada, os torcedores de Carolina já tinham certeza que esse seria o ano do tank e que no Draft que vem escolheriam Trevor Lawrence ou Justin Fields para liderar uma nova era em Charlotte. Ocorre que, 3 semanas depois, os Panthers venceram 3 jogos seguidos e se encontram empatados na liderança da NFC South…
Os haters de plantão e os analistas que amam super analisar (analisar com exagero ou passando da conta) os cenários da liga dirão que foi por causa da ausência de Christian McCaffrey, causada pela lesão que sofreu na semana 2, no entanto, tenho o prazer de informá-los que a ausência do astro não tem nada a ver com a melhora recente da equipe da Carolina do Norte.
Ora, basta analisarmos os jogos até aqui: contra todos os adversários o ataque dos Panthers lançou mais vezes do que correu com a bola e desde que substituiu CMC, Mike Davis (que surpreendeu a todos e vem jogando MUITO) tem a mesma média de touches por partida que o RB titular, ou seja, desde que McCaffrey foi para as sidelines, o estilo ofensivo de Carolina não mudou, tampouco a produção do running back que o substituiu.
O que se observa nas últimas 3 semanas de Carolina é uma incrível melhora nas trincheiras (com uma surpresa agradável na OL) e o estabelecimento de um free agent como a estrela do corpo de wide receivers.
O surgimento de uma linha ofensiva sólida
Nas últimas duas partidas o ataque dos Panthers não sofreu NENHUM sack. Não ceder nenhum sack em dois jogos seguidos não acontecia na franquia de Charlotte desde sei lá quando! Para uma linha ofensiva que começou a temporada extremamente desacreditada, não tem seu left guard titular desde a primeira semana e que ficou sem seu left tackle (Russell Okung) por duas das 3 vitórias conquistadas por Carolina, tal feito é inacreditável. Teddy B brilhou nas últimas 3 semanas, acumulando um QB rating de 109.4 e 6 TDs. O quarterback de Carolina anda tendo todo o tempo do mundo para lançar a bola. Além disso, o jogo corrido melhorou nas vitórias conquistadas, principalmente por causa do trabalho da linha ofensiva abrindo grandes buracos para que Mike Davis corresse com toda sua raiva e agressividade. As screens para Davis também vem sendo muito bem executadas pela OL, sempre trazendo resultados positivos para as jogadas.
Rumor has it @tmoton72 is still going… pic.twitter.com/ugVtGSeoxP
— Carolina Panthers (@Panthers) October 14, 2020
A aparição do pass rush tão esperado da jovem e talentosa linha defensiva
0 e 1. Esses dois números dizem respeito, respectivamente, a quantidade de sacks e QB hits que os Panthers tiveram contra os Raiders e contra os Bucs. O pass rush nesses 2 primeiros jogos foi horroroso e simplesmente inexistente. Os rookies Brown e Gross-Matos estavam, respectivamente, sofrendo com double teams e só perdido em campo mesmo. Mas, com um toque de ancião do coordenador defensivo Phil Snow, o front four de Carolina surgiu do fundo do abismo e dominou a OL dos Chargers na semana seguinte: foram 8 QB hits, 2 sacks e um fumble forçado.
Nas 3 vitórias, a defesa dos Panthers soma 5 sacks, 14 QB hits e 3 fumbles forçados. Nesse trajeto, a linha defensiva foi fundamental para conter Kyler Murray e o obrigar a lançar 31 passes para conquistar apenas 133 jardas aéreas (uma média horrível de 4.3 jardas por passe tentado) e segurou Matt Ryan a um QB rating de 63.6 e nenhum TD. É claro aos olhos de quem vê, que Brian Burns está tomando seu lugar como a estrela da defesa, Derrick Brown está virando uma força incontrolável pelo meio e Yetur Gross-Matos está finalmente mostrando toda sua habilidade atlética que o fez ser draftado no início da segunda rodada.
YGM
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YGM pic.twitter.com/wFTAxRlF13— Carolina Panthers (@Panthers) October 4, 2020
Robby Anderson é o novo WR1 dos Panthers
Analisando de maneira objetiva o impacto que Anderson vem fazendo no ataque dos Panthers até esse ponto da temporada, pode se dizer que ele foi a melhor aquisição via free agent de qualquer time nessa offseason. Ora, ele teve pelo menos 99 jardas em todos os jogos menos um e é o quarto na NFL em jardas recebidas atrás somente de estrelas da liga, como Hopkins, Diggs e Metcalf. O que chama muita atenção na performance do WR é a maneira totalmente diferente que vem sendo utilizado se comparado ao seu tempo nos Jets. Ou Joe Brady percebeu um talento que Anderson tem que ninguém na franquia de Nova York enxergava ou o staff dos Jets simplesmente foi incompetente ao não extrair todo o potencial do jogador.
No sistema de Brady, Bridgewater SEMPRE acha Anderson e nunca se mostra preocupado com nenhuma cobertura que enfrente. Enquanto nos Jets, o receiver era utilizado somente em rotas longas e que explorassem o fundo do campo, no ataque dos Panthers Robby corre uma série de rotas curtas (slants, curls, drags) e que explora muito coberturas em zona, pois os conceitos de rotas das jogadas de Brady sempre são em levels e Anderson sempre acha o buraco e fica livre para fazer o catch. Mas não se enganem, ele corre toda a route tree e faz a diferença para o time dos Panthers de todas as formas possíveis, basta ver o lance abaixo…
ROBBY ANDERSON IS RIDICULOUS 😳 @chosen1ra @Panthers pic.twitter.com/ds8Kho1M6f
— The Checkdown (@thecheckdown) October 11, 2020
Com a volta de CMC em algumas semanas, veremos se os Panthers (mesmo com uma defesa contra o jogo corrido horrorosa e um roster muito jovem e inexperiente) terão fôlego para tentar uma corrida para a pós temporada ou se essa sequência de vitórias seguidas foi só um delírio coletivo.
A classe de 2020 mostra-se extremamente produtiva e participativa no sucesso e nos pontos fortes dos times ao redor da liga. Cada semana que passa um novo calouro passa a contribuir mais e mais com sua equipe e dificulta o trabalho dos analistas e colunistas na hora de listar alguns dos grandes destaques da temporada até agora. O desejo é fazer uma lista com 25 nomes, entretanto, aqui traremos 6 jogadores de ambos os lados da bola que vem fazendo muita diferença em seus respectivos times e deixando a NFL de sobreaviso.
Joe Burrow, QB, Cincinnati Bengals
A primeira escolha do Draft desse ano vem alcançando as expectativas totalmente. Demonstra uma compostura e um poise dentro do pocket digno de veteranos de 10 anos na liga. Lançou mais que 35 bolas em todos os jogos (incluindo 61 passes contra Cleveland!), tem 7 TDs no total e apenas 2 INTs, mais de 65% de passes completos, já possui um incrível entrosamento com Tyler Boyd (uma dupla para ficar de olho) e executa todos os tipos de lançamentos possíveis e existentes, ah, e detalhe, tudo isso foi conquistado jogando atrás de uma linha ofensiva praticamente inexistente. O jovem QB está a caminho de se tornar um astro da liga e mantendo esse ritmo será o Calouro Ofensivo da temporada.
CeeDee Lamb, WR, Dallas Cowboys
É o melhor receiver calouro até o momento. Não só pelos números e a consistência que os vem apresentando (pelo menos 5 recepções em todos os jogos) mas pelo fato de já ter ganhado espaço em um corpo de WRs que possui Cooper e Gallup saindo de temporadas dominantes de 1000 jardas. O calouro demonstra muita química com Dak Prescott e recebe um número alto de targets toda semana. Mesmo, na teoria, sendo WR3 de Dallas, já possui 21 recepções, 309 jardas e 2 TDs. Imaginem quando Lamb deslanchar na sua principal qualidade saindo do college, as jardas após o catch, aí sim, o céu é o limite.
Justin Herbert, QB, Los Angeles Chargers
Como já mencionado acima, a presente lista é diminuta, portanto teríamos jogadores de fora dessa coluna que facilmente poderiam estar em outra em outro site. A diferença aqui foi mínima, contudo, a NFL é a liga dos quarterbacks. Sua equipe só vai quão longe seu QB o levar, e o que Herbert vem fazendo essa temporada, desde que entrou em campo na semana 2 contra o atual campeão da liga (descobrindo que seria titular minutos antes do início da partida e quase conquistando a vitória), é de cair o queixo. Ele tem um foguete no braço, seu ball placement em lançamentos longos é perfeito e, apesar de ainda ter problemas com o tempo que segura a bola e seu feeling no pocket, já se demonstra um líder dentro de campo. Lançou pelo menos 290 jardas em todos jogos e possui 72% de passes completos na temporada. Se todas as suas partidas seguirem o roteiro do último domingo contra os Buccaneers, os torcedores dos Chargers podem ficar felizes pois já tem seu quarterbck do futuro.
Justin Herbert with a DIME for a 53-yard @Chargers TOUCHDOWN! #BoltUp
📺: #LACvsTB on CBS
📱: NFL app // Yahoo Sports app: https://t.co/T1i6s2rIdv pic.twitter.com/9SPqYQodKT— NFL (@NFL) October 4, 2020
Chase Young, DE, Washington Football Team
Mesmo tendo jogado somente 2 partidas até agora, é inegável o impacto de Young na defesa de Washington. Na semana 1 contra os Eagles ele contribuiu MUITO para a vitória, registrando 1.5 sacks e forçando um fumble que acabou por sacramentar o resultado do confronto. Já semana 2 teve “apenas” 1 sack mas registrou 2 tackles for loss mostrando sua dominância também contra o jogo corrido. O futuro é brilhante para o jovem e promete ser recheado de viagens para o Pro Bowl e de prêmios individuais.
Chase Young grades/rank among defensive rookies:
🔴 81.1 PFF Grade (1st)
🔴 8 pressures generated (1st)pic.twitter.com/w1ndPvwCic— PFF (@PFF) September 25, 2020
Antoine Winfield Jr., S, Tampa Bay Buccaneers
Winfield surpreendeu a todos nesse início de temporada, não porque seu impacto não era esperado ou porque não sabíamos de seu talento ou seu potencial, mas sim pela variedade de maneiras que vem impactando os jogos e a versatilidade que vem demonstrando no seu papel na defesa dos Bucs. Não é exagero dizer que ele é um dos melhores safeties da NFL até esse ponto da temporada. Ele está em todos os lugares do campo, sendo um verdadeiro playmaker perto da linha de scrimmage e já tendo 2 sacks na temporada! Sua performance cobrindo o jogo aéreo é extremamente competente e o calouro já possui 25 tackles e um fumble forçado. Este jovem é a minha aposta a zebra para ganhar Calouro Defensivo do ano, caso algo aconteça com Chase Young.
Jeremy Chinn, LB/S, Carolina Panthers
O último integrante da lista possivelmente será o mais polêmico, mas somente para aqueles que acompanham só os grande mercados da NFL. Mas não se enganem, para mim, a produção imensa e imediata de Chinn no primeiro quarto da temporada é uma grande surpresa! Apesar de, até agora, não ter sido tão versátil quanto Winfield e não ter registrado nenhum sack ou pressão no QB, ou sequer uma interceptação (nesse quesito tampouco o safety de Tampa), o calouro está simplesmente voando de sideline a sideline. Já possui 35 tackles na temporada, liderando TODOS os calouros! E sua função na defesa dos Panthers é a do híbrido entre LB e safety tão utilizado na liga nos dias de hoje e tão importante para conter o jogo aéreo e possíveis mismatches causados pelos ataques adversários. Ele desempenha com perfeição o papel de big nickel, sempre estando perto da bola, marcando TEs e RBs muito bem e tackleando os adversários com agressividade. Com ele, Derrick Brown, Shaq Thompson, Gross Matos, a defesa de Carolina tem um futuro promissor.