O Draft de 2023 ainda está distante e a temporada do College acabou de começar, mas não é cedo demais para analisar alguns dos principais nomes da classe. Dito isso, a posição que movimenta a discussão é a de quarterback. Todo ano existem alguns que já possuem um hype mais elevado e outros que não correspondem às expectativas visando o recrutamento. Também existem alguns que não são colocados na primeira prateleira, mas saltam de nível e ganham muito valor no processo. Foi o caso de nomes como Baker Mayfield, Kyler Murray, Joe Burrow, Zach Wilson e Kenny Pickett apenas para ficar em nomes selecionados na primeira rodada nos últimos Drafts. Este ano quem pode subir de patamar é Anthony Richardson, de Florida Gators.
Richardson é capaz de grandes passes, como esse belo TD contra LSU em 2021. pic.twitter.com/h1ekbMl8OE
— João Gabriel Gelli (@jggelli) September 6, 2022
Não é segredo que CJ Stroud (Ohio State) e Bryce Young (Alabama) são vistos como os principais prospectos da posição na classe. Contudo, existem outros jogadores com potencial e que podem se colocar nessa discussão. Richardson se encaixa muito bem neste perfil.
Richardson antes da temporada de 2022
Richardson chegou em Florida em 2020 e nunca se firmou como titular. No entanto, seu perfil físico de elite faz com que exista muita expectativa a seu respeito para 2022. Tem ótima altura (6’4″), excelente peso (232 lbs) e combina isto com um atleticismo de alto nível. É forte e rápido, o que se torna uma mistura promissora quando se considera seu tamanho. Isto se reflete na habilidade como corredor, já que é bastante explosivo e forte, seja em jogadas desenhadas ou em scrambles.
O atleticismo é um destaque e consegue vencer com força ou velocidade. Por isso, é uma arma em corridas, sejam elas desenhadas ou improvisos.
Aqui um exemplo de uma conversão fundamental de terceira descida no fim do jogo contra LSU em 2021. pic.twitter.com/iziuP87aU9
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Também tem boas ferramentas como passador. Seu braço é ótimo, com excelente velocidade e habilidade para atingir janelas pequenas e executar passes distantes.
Seu talento de braço é visível em jogadas como essa, em que reconhece o defensor dropando para a cobertura e o encobre para encontrar o recebedor. Isso enfrentando a melhor defesa de 2021 em Georgia. pic.twitter.com/7ZQl00xZiK
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Por outro lado, seu espaço amostral é muito pequeno. Até o começo da temporada de 2022, Richardson realizou apenas 65 passes e 50 corridas na carreira universitária. Isto torna muito difícil fazer uma avaliação mais precisa sobre seu jogo. Esta falta de experiência é facilmente percebida no seu processamento.
A falta de experiência é um fator marcante. Comete muitos erros que poderiam ser evitados tranquilamente.
Foi o caso desse lance que selou a derrota contra LSU em 2021. Fez o passe sob pressão, desequilibrado e buscando um alvo muito marcado. Péssima decisão. pic.twitter.com/Sz2ZBiJpkC
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Muitas vezes é devagar para fazer leituras e perde janelas ou convida pressão. Também tem situações em que toma decisões ruins e prejudiciais para o time. Com mais snaps poderá se acostumar melhor com a velocidade do jogo e ter um salto de produção.
Seu radar para pressão dentro do pocket também não é dos mais refinados. Isto pode evoluir com mais repetições. pic.twitter.com/61IeMukc14
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Dessa forma, é necessário mostrar maior consciência para estar bem postado, trabalhar nas mecânicas e conseguir identificar seus alvos com maior rapidez. Assim, será capaz de evoluir também em termos de precisão. Além disso, também pode trabalhar na habilidade de colocar mais toque em seus passes.
O desempenho na estreia em 2022
Com isso, o principal objetivo de Richardson em 2022 deveria ser ganhar experiência. Ele precisa aprender sob o fogo para conseguir evoluir e atingir o patamar que é capaz.
O primeiro passo para tal veio contra Utah na estreia de Florida na temporada. O jogo foi muito disputado e terminou em vitória dos Gators por 29 a 26, com grande participação de Richardson no resultado. Ele completou 16 dos 23 passes (69,6%) que tentou para 165 jardas (7,2 por tentativa). Não lançou touchdowns nem interceptações, mas executou uma belíssima conversão de dois pontos no fim da partida.
A atuação mostrou muitos pontos positivos e que devem servir como base para o seu desenvolvimento como prospecto. Anthony teve bom aproveitamento em passes em movimento, o que se encaixa muito bem com seu arsenal e pode ser ainda mais explorado daqui para frente.
Passe preciso em movimento pic.twitter.com/ouMVJ25WR0
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A habilidade de improvisar esteve presente em diversos momentos. Ele teve boas jogadas em que mostrou que consegue correr de um lado para o outro, mas ainda manter os olhos no fundo do campo, o que é um atributo importante. Tudo isso ainda executando passes de qualidade em movimento.
Improviso e bom passe (incompleto) em movimento pic.twitter.com/WdOVlZxV1X
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Sua criatividade e aptidão para improvisar estiveram muito presentes na conversão de 2 pontos citada anteriormente. Nela, usou sua força, equilíbrio e imaginação para escapar da pressão e um sack quase certo. Isto abriu caminho para que enxergasse seu alvo livre na end zone para um lançamento preciso.
Criatividadee improviso em seu ápice para executar essa conversão de dois pontos pic.twitter.com/hAM76x0MWX
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Entre pontos de evolução, a antecipação e a colocação exibidas no passe a seguir são elementos que costumam se expandir conforme o jogador fica mais confortável. Por isso ter snaps e aprender em campo é fundamental para sua trajetória e evolução. Caso consiga mostrar ainda mais momentos como este em seu tape será um ótimo sinal para a sua projeção.
Antecipação e colocação em passe no meio do campo pic.twitter.com/YuEKuA7MeI
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Além disso, sua capacidade de punir os adversários com as pernas foi parte fundamental do jogo. Richardson teve nove corridas e acumulou 104 jardas e 3 touchdowns nelas. A mais longa foi de 45 jardas e mostrou sua explosão e a ameaça que é quando tem espaço livre.
Corrida para TD de 45 jardas em um scramble. pic.twitter.com/bDmpTiOno0
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Entretanto, nem tudo foi perfeito e ainda existem muitos pontos para melhorar. Richardson ainda teve situações em que fugiu de pockets limpos ou que deixou leituras fáceis no campo. Também tomou algumas decisões questionáveis e que poderiam ter mudado o resultado da partida.
Nem tudo foi perfeito. Este passe deveria ter sido interceptado. pic.twitter.com/15o9IGyGTC
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O futuro
Um jogador de raro pacote físico, Richardson entra em 2022 com a necessidade de adquirir experiência e mostrar produção no comando do ataque dos Gators. Ele deu sinais intrigantes no passado, mas agora precisa provar que pode ser um jogador constante, mas capaz de proporcionar jogadas impressionantes. Sua estreia nesta nova temporada foi um passo na direção correta e mostrou muitos dos elementos que o tornam um prospecto tão interessante.
Agora, cabe a ele atingir o próximo nível e, mais importante, se manter nele durante a temporada, semana após semana. Esta é a parte mais difícil, mas seu potencial é visível e difícil de ignorar. Caso tenha sucesso, poderá elevar suas ações no Draft para uma escolha ainda na primeira metade do dia 1 e, quem sabe, desafiar Young e Stroud no topo da classe.