Demorou, mas o momento de Joey Porter Jr chegou

by João Gabriel Gelli

A curta trajetória de Joey Porter Jr na NFL até agora é marcada por esperas. No Draft e para ter as primeiras oportunidades relevantes como defensor. Agora, chegou o momento de mostrar o talento e fazer valer o hype.

A primeira das esperas citadas veio na primeira noite do Draft desse ano. Nela, Porter tinha expectativas de ouvir seu nome sendo chamado. No entanto, as 31 escolhas da rodada inicial se passaram e nada de ser selecionado. Esta espera se encerrou na seleção que inaugurou a segunda rodada. O jovem CB defenderia os Steelers que foram a casa da principal parte da ótima carreira de seu pai. Parecia destino.

Quis o destino também que caísse com um dos treinadores que são mais relutantes a oferecer posições titulares para calouros logo no início de suas carreiras. Dessa forma, Joey ficou com uma função reserva e espaço entre os especialistas nas primeiras cinco semanas. Nelas, a partida em que teve mais snaps defensivos veio contra os Ravens, com 28. Neste duelo, sua participação foi fundamental para que os Steelers saíssem vitoriosos. Ele foi o responsável pela interceptação em um rota fade na end zone que impediu um TD de Baltimore. Jogada de enorme impacto em um momento chave da partida.

Depois disso veio a folga dos Steelers e parece que Mike Tomlin percebeu que estava cometendo um erro ao limitar tanto o espaço do calouro. Os veteranos Patrick Peterson e Levi Wallace estavam jogando mal e Porter vinha de um bom desempenho. A partir da semana 7, Joey virou o titular e está entregando atuações sólidas, com muito pontos promissores.

Porter chegou na NFL como um jogador de ótimo tamanho e bom atleticismo. Sua maior força estava na cobertura mano a mano, especialmente no press, com boa capacidade de recuperação e noção do leverage. Também faz um bom trabalho em zonas na identificação de rotas e reação rápida. Contra a corrida apresentava momentos mais passivos que o desejado, além de uma taxa muito elevada de tackles perdidos em 2022. Outro ponto de atenção é a baixa produção em interceptações, ainda mais por ter um bom radar e envergadura para chegar na bola. Era o melhor CB da classe na board do On The Clock e considerado um atleta pronto para chegar na NFL e ser um CB de qualidade.

Em sua carreira profissional de 8 jogos até aqui, Porter tem mostrado boa cobertura, com bastante fisicalidade que incomoda inclusive recebedores de alto nível. Os Steelers estão mostrando a disposição de colocá-lo em situações de press com muita frequência. Além disso, estão deixando-o com missões difíceis, muitas vezes sem ajuda na cobertura.

Em termos de números, foram 21 passes lançados em sua direção por enquanto e somente 6 completos para para 127 jardas. De acordo com o PFF, foram 6 passes incompletos forçados a partir de sua cobertura, sendo que tem a maior proporção desse tipo de jogada por target entre todos os CBs com pelo menos 20 targets.

A atuação contra os Titans no Thursday Night Football da semana 9 foi muito significativa tanto para seus pontos positivos quanto para alguns negativos que precisa corrigir.

Em entrevista após o jogo, Porter disse que pediu ao longo da semana de preparação para a partida para marcar DeAndre Hopkins. Um grande sinal da personalidade e confiança necessárias para o sucesso na NFL. Tomlin entregou este desafio para o calouro em diversos momentos e o jovem não decepcionou. Sob a cobertura de Porter, Hopkins teve apenas 1 recepção para 17 jardas em 5 targets.

Porter soube usar muito bem toda a parte física, com envergadura, força de jogo e habilidade no press. Em algumas jogadas, também utilizou a lateral como um auxílio valioso para limitar o espaço de Hopkins e conter a rota. Isto esteve presente no snap do vídeo abaixo.

Como cornerback é uma das posições mais difíceis na transição para a NFL, é normal que ataques procurem explorar calouros na cobertura defensiva. Isto ficou evidente na sequência de três jogadas abaixo em que os Titans visaram Porter em sequência. A questão é que ele fez um excelente trabalho e contribuiu para que o time forçasse um punt. Nos dois primeiros snaps teve ótimas coberturas e no terceiro mostrou rápida recuperação e fez um tackle importante e preciso.

Por outro lado, ainda existem pontos em que precisa trabalhar. Não é sempre que tem finalizado os tackles. Esta é possivelmente uma de suas maiores dificuldades no momento. Muitas das jardas que cedeu vieram depois da recepção. Também já perdeu 5 tackles, o que daria uma taxa bem elevada de 25% de erros. Como este foi um ponto presente em seu tape no último ano em Penn State, é necessário ficar atento, porque pode representar um problema, caso não seja solucionado ou reduzido em breve.

A outra questão na qual precisa trabalhar é nas faltas. Contra os Titans cometeu 4, sendo algumas importantes, que mantiveram drives vivos. Isto é um lado negativo que muitas vezes pode vir com coberturas mais físicas, mas Porter ainda tem muito tempo para se ajustar. Este não deve ser um problema muito complexo de solucionar e a experiência deve ajudar.

Embora ainda não seja perfeito e tenha demorado mais que o ideal para receber uma chance, Porter já está mostrando muitos sinais positivos. Caso consiga manter o ritmo atual, evoluir conforme adquire mais experiência e limitar alguns dos problemas que mostrou até agora, será um CB de alto nível por um longo tempo na NFL.

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