Como Reich faz um bom trabalho sem grandes estrelas?

by Alexandre Castro

Quem vê o trabalho de Frank Reich hoje, quase não deve lembrar que ele nasceu como um prêmio de consolação. Depois de alguns dias da recusa na novela de Josh McDaniels, Reich foi trazido dos Eagles e vem fazendo um bom trabalho, ainda que não conte no seu elenco as maiores estrelas da liga.

Um panorama da AFC South

Vamos ver como o time de Indiana tem trabalhado!

Bom uso das escolhas Draft

Você que já é acostumado não precisa nem ler novamente que “draft não é uma ciência exata“. Chris Ballard cometeu seus erros, mas teve seus tiros certos também, principalmente mais recentemente. Quenton Nelson vai ser um All-Pro ano sim, e ano também, Darius Leonard foi uma baita adição no corpo de LB, Parris Campbell e Michael Pittman são recebedores de grande futuro e Hines e Taylor formam uma dupla que se complementa bastante no jogo corrido.

No draft desse ano eles usaram sua primeira escolha para pegar o DT DeForest Buckner dos 49ers que foi peça fundamental na defesa, que falaremos mais a frente.

Confiança do ataque

Talvez algumas pessoas não tenham dado a importância devida, mas o impacto da saída de Andrew Luck, muda todos os planos de uma franquia. Nesse ano, o time decidiu ir com veteraníssimo Philip Rivers, com quem o HC já havia trabalhado no San Diego Chargers, conhecendo o esquema que o HC queria rodar. O começo da relação foi bem conturbada.

Nas primeiras semanas, surgiu uma conversa “quando Wilson e Mahomes seguram demais a bola, a torcida dos adversários ficam com medo. Quando Rivers segura demais a bola, a torcida dos Colts fica com medo”. Por uma boa razão veio esse “ditado”. Desde o início do ano passado, Rivers lançou 16 interceptações quando teve a bola por mais de 2,5 segundos. Isso contra apenas nove touchdowns. Seu QBR cai para 78,3 contra 98,0 quando ele lança a bola em menos de 2,5 segundos e sua porcentagem de passes completos cai de 73,54% para 59,66%.

Isto posto, começaram uma chuva de críticas sobre os ombros do QB e do HC. Reich manteve sua fé em Rivers tentando blindar o QB, o quanto pôde. “No que diz respeito a Philip dando uma olhada em sua precisão, resistência física e mental, em sua capacidade de jogo ele ainda está em bom tempo na sua carreira. Uma coisa sobre Philip é que ele sabe como criar grandes jogadas no play action e na tendência em que estamos, eu só acho que ele é  líder que pode nos ajudar a nos levar ao próximo nível. ”

Se atentem para o último ponto, play action, Rivers não tem a capacidade de esticar jogadas no pocket ou conseguir jardas com as pernas então sua precisa nesse estilo de jogo é fundamental. O time perdeu Mack no começo do ano, mas Taylor vem carregando bem a bola e vendendo o jogo corrido, o suficiente para abrir espaço para o tempo que Rivers precisa para achar seus recebedores.

Com essa confiança e o fato de ter comprado a briga para manter Rivers, o resultado veio. O time está 9-4 na caça aos Titans, Rivers tem 20 TDs, 9 INTs e 68% de passes completos (terceira melhor marca da carreira longínqua do QB).

Defesa monstra saindo da jaula

Se no ataque Reich fez um bom trabalho montando um esquema favorável, na defesa ele fez mais com ainda menos. Quem conhecia Pierre Desir antes dele se destacar pelas bandas de Indiana?

Esse sucesso se deu ao esquema e maximizar as qualidades dos seus jogadores. Matt Eberflus teve a complicada missão de transformar o 3-4 antigo de Pagano em um novo 4-3 focado em Tampa-2.

“É um pouco bend-but-don’t-break. É uma cobertura única que poucas equipes executam, e as equipes que a rodam não a executam tão bem quanto o tradicional [Tampa 2]. ”, disse Reich.

Pressionar com quatro pass-rushers e jogar bem atrás deles é exatamente o que os Colts fizeram este ano. De acordo com o Pro-Football-Reference, os Colts estão pressionando os QBs adversários em quase 25% das jogadas. No entanto, eles estão mandando blitz em pouco mais de 20%, um dos times que menos mandam na liga.

A chegada de Buckner era uma das peças que faltava nesse quebra-cabeça. Ele é o melhor da posição (entre os humanos não chamados de Chris Jones e Aaron Donald), tanto em pressões, com QB-Hits e quando os times correm em sua direção a defesa dos Colts tem uma das melhores defesas no quesito. Quando as equipes focam demais em Buckner, o resto da linha tem se beneficiado Denico Autry já tem 6 sacks esse ano.

A proficiência da linha defensiva permite que os sete defensores executassem seu sistema de forma tranquila. A cover-2 é a jogada que os Colts mais chamam (mais de 30% dos passes) tornando o time o que mais chama a cobertura da liga. Os Colts interceptaram ou desviaram mais de 20% das tentativas de passe lançadas contra eles.

E assim nasceu o monstro de Reich, muito treino e confiança no esquema, tanto no ataque como na defesa. Agora os frutos começam a ser colhidos.

Até a próxima!

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